quinta-feira, junho 01, 2006

A redução da maioridade penal e a sofismática do determinismo social

Há alguns dias, eu estava assistindo a um programa da TV Câmara em que se falava sobre segurança pública e questões correlatas quando uma socióloga (tinha que ser!) disse que antes de o Brasil reduzir a maioridade penal, o governo e a sociedade civil deveriam refletir a respeito de em que país estamos, pois, segundo ela, muitos menores infratores assaltam, traficam e cometem outros crimes ainda mais graves para fazer uma espécie de "complementação de renda" no orçamento de seus lares.

De acordo com esse raciocínio, um menor infrator só deve ser imputado se for da classe média para cima, afinal, o menor infrator pobre "faz isso por necessidade". Logo, ainda de acordo com o sofisma da egrégia socióloga, a maioridade penal não pode ser reduzida no Brasil porque se isso acontecer, como essas bestas bípedes, que a mídia chama meramente de menores infratores, vão ajudar no seu orçamento doméstico? Assim sendo, quem trabalha e é da classe média para cima não deve reagir quando for assaltado por um "trombadinha", pois se o fizer, como o "garotinho" vai ganhar dinheiro e ajudar a sustentar sua casa? Aliás, nós da classe média para cima temos muito dinheiro, e não sentiremos falta de alguns reais a menos para pagar as contas no fim do mês, não é mesmo?

Este tipo de sofisma, carregado de determinismo social, quando desconstruído, revela a índole classista da nossa pseudo-elite pensante-acadêmica-esquerdopata. O classismo destes deterministas sociais chega ao ponto de dizer, sempre com palavras assaz elegantes, que pobre não tem caráter, pois enquanto o rico, quando perde o emprego, vai procurar outro, o pobre, quando perde o emprego, cai automaticamente na bandidagem, afinal, como diria Cláudio Lembo, atual governador de São Paulo, um pefelista que mais parece um camarada do Partidão, a violência advém da desigualdade social, e a burguesia, isto é, a elite branca opressora, tem mais é que abrir a carteira para sustentar os humildes e vilipendiados proletários.

Em suma, é urgentemente necessário que as autoridades e a sociedade civil acordem para a vida e admitam que pobre não é bandido em potencial, e que, se a pobreza fosse uma causa determinante da criminalidade, jamais estourariam escândalos de corrupção como o mensalão ou a máfia das ambulâncias, pois, afinal de contas, nossos egrégios congressistas estão longe de serem pessoas necessitadas! A mentalidade classista de muitos sociólogos, intelectuais orgânicos, cientistas sociais, cientistas políticos, filósofos e demais camaradas da "turma do social" faz com que os crimes cometidos pelos pobres sejam relativizados, justificados que são como atitudes que visam a "distribuição de renda", entre outros sofismas politicamente corretos. Aliás, convém lembrar que os principais partidos do atual governo federal têm, em suas fileiras, seqüestradores, assaltantes de bancos, estupradores, assassinos, guerrilheiros e terroristas, sem falar no Supremo Apedeuta, um sindicalista pelego. Como, então, querer que a segurança pública seja eficiente se o povo brasileiro pôs um monte de vampiros para cuidar do banco de sangue?