terça-feira, setembro 09, 2008

Discussão de caráter

Recentemente, lembrei-me das inúmeras conversas que minha mãe já teve com meu pai a respeito de como era tratada por médicos (nesse caso, endocrinologistas) que a tratavam mal quando ela levava meu irmão para se consultar com eles. Meu irmão tem ojeriza de vários tipos de comidas; logo, sua alimentação é restrita a poucos itens, dentre eles queijo e derivados. Mas minha mãe reclamava, com razão, que ela chegava com meu irmão, gordinho e rosado, dizia que ele não comia quase nada e tinha as seguintes respostas: "Você está louca!", ou até pior: "Você é mentirosa!". Na minha humilde opinião, o mínimo que um profissional do ramo da saúde que está sendo muito bem pago deve fazer é não duvidar da palavra do paciente e dos seus acompanhantes.

Além disso, as faculdades de medicina, principalmente do ramo de saúde mental, bem como os cursos de psicologia, deveriam ensinar os seus alunos não apenas a curar os pacientes, mas também a como falar com eles. Parece-me que existe essa lacuna nesses cursos, pois já me tratei com psicólogos e psiquiatras que, além de não saberem como falar comigo, tinham graves desvios de caráter.

Infelizmente, não posso revelar os nomes deles, pois não tenho como provar o que estou dizendo e não quero passar por macartista, mas eu me tratei com 4 supostos especialistas que combinaram uma coisa com meus pais e depois, fizeram comigo exatamente o oposto daquilo que haviam prometido: duvidaram da minha palavra, me ofenderam, falaram sobre assuntos delicadíssimos de maneira estúpida etc., e o pior é que tudo isso custou uma fortuna. Já que hoje em dia fala-se tanto sobre ética médica, aproveito o ensejo para afirmar que esse tipo de comportamento está previsto no artigo 171 do Código Penal: estelionato da pior espécie, pois o que estava em jogo era a minha saúde mental; por extensão, minha qualidade de vida.

Assim sendo, faço, inclusive em causa própria, a seguinte sugestão: proíbam, de uma vez por todas, os violentíssimos trotes das faculdades de medicina e ensinem os seus alunos a tratarem seus pacientes com respeito e vergonha na cara. Em outras palavras, trata-se de uma discussão de caráter. As faculdades têm, urgentemente, que corrigir os desvios de caráter dos futuros profissionais da saúde. Quem é médico e não sabe lidar com gente tem que ser veterinário.

segunda-feira, setembro 08, 2008

O MEC e o sistema educacional brasileiro

Desde sempre, eu me pergunto, com muito pesar: por que o sistema educacional brasileiro não adota, a exemplo de outros países, um ensino direcionado, isto é, com ênfase nas matérias exatas para quem é bom de exatas e ênfase nas matérias humanas para quem é bom de humanas?

Apesar de isso ser uma coisa óbvia, já faz bastante tempo que não é mais assim. Freqüentemente, converso com meu pai a respeito de questões relacionadas a esse assunto e ele sempre me diz que o sistema educacional brasileiro regrediu, por um motivo muito simples: no tempo dele, o ensino era exatamente como falei no parágrafo anterior: após um ano de pré-primário, 4 de primário e 4 de ginásio, cada estudante podia optar pelo clássico (humanas), pelo científico (exatas) ou pelo normal, para quem queria ser professor.

Até pouco tempo atrás, eu não sabia porque isso havia mudado. Recentemente, meu pai, indo mais a fundo nessa questão, me revelou que o MEC mudou o que era ótimo para algo que é horrível para cortar gastos e aumentar a quantidade de salas de aula. No caso da quantidade de salas, cabe explicar que os burocratas do MEC devem ter raciocinado da seguinte maneira: "Em vez de termos 3 salas de 15 alunos (uma do clássico, uma do científico e uma do normal) vamos juntá-las para termos uma única sala de 45 alunos, pois assim haverá mais vagas nas escolas".

O grande problema do modelo atual é justamente o detalhe fundamental que o MEC ignorou, e que derruba o sistema: uma classe única com alunos que seriam do clássico, do científico e do normal é, por definição, uma classe altamente heterogênea. Portanto, o professor não consegue andar com a matéria com a rapidez com que poderia fazê-lo se as classes fossem separadas. Aliás, deve-se lembrar que a quantidade de alunos "generalistas", isto é, que têm um bom desempenho nos 3 campos, é muito pequena, o que causa o sofrimento, tão grande quanto fácil de evitar, da grande maioria dos alunos.

Indo mais além nessa questão, cabe salientar também que um fato importante que o MEC ignora atualmente é a expansão do ensino privado no Brasil, inclusive no interior do país. Se o MEC restaurasse o modelo do tempo do meu pai, caber-lhe-ia, como órgão governamental, apenas e tão-somente estabelecer uma grade mínima de matérias para o clássico, o científico e o normal e deixar o resto por conta da iniciativa privada e dos ajustes naturais do mercado. Se isso fosse feito, o MEC cuidaria apenas das escolas públicas e deixaria os empresários do ramo do ensino fazerem o seu trabalho em paz.

Eu gostaria muito que o MEC restaurasse o modelo antigo por um motivo muito simples: eu sofri demais por causa do modelo atual e não quero que meus filhos e netos passem por esse mesmo sofrimento que, como já disse, é tão grande quanto fácil de evitar.