sexta-feira, novembro 17, 2006

Democracia de bugre

A Câmara dos Deputados da Bolívia, onde o partido MAS (Movimento ao Socialismo), de Evo Morales, lidera a maioria situacionista, aprovou alterações na legislação sobre a reforma agrária, as quais permitem que os latifúndios sejam confiscados e loteados entre os sem-terra. Porém, no Senado, em que o partido Podemos (Poder Democrático Social) lidera a maioria oposicionista, estas alterações na legislação certamente serão vetadas. Então, Evo, o presidente-cocalero-mor desta bizarra pseudodemocracia bugre, declarou à imprensa que se a proposta for rejeitada pelo Congresso, o povo fará as mudanças previstas na nova redação da lei à força.

Democracia de bugre é assim: se a lei não for aprovada, que se dane o Parlamento! E que se dane a própria legalidade democrática em si! E ainda tem gente que acha que a Bolívia está vivenciando uma bonança nunca dantes experimentada. O boliviano médio, que não é lá muito diferente do brasileiro médio, crê piamente que democracia são dois lobos e uma ovelha votando em quem vai jantar! Com uma mentalidade chucra como essa, haja exército para conter a turba!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Fazendo caridade com o chapéu alheio

A seguir, notícia publicada na seção de economia do site UOL:

Idosos voltam a ter o direito de viajarem de graça em ônibus interestaduais

SÃO PAULO - Os idosos com renda mensal de até R$ 700 já podem voltar a arrumar as malas e planejar sua viagem. Na quinta-feira (09), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) conseguiu suspender os efeitos da liminar obtida pelas empresas de ônibus que a proibia de aplicar multa no caso de não-concessão de duas poltronas gratuitas em casa viagem para esse público.

A decisão foi da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região. Há cerca de duas semanas, o juiz Jamil Jesus Rosa de Oliveira, da 14ª Vara Federal de Brasília, acatou pedido de liminar da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) e liberou as companhias do transporte gratuito.

Equilíbrio financeiro
O magistrado que havia concedido a liminar explicou à época que a concessão do benefício aos idosos, em vigor desde 25 de outubro, ameaçava o equilíbrio financeiro das empresas.

Além disso, em sua justificativa, ele explicou que o governo não especificou a fonte dos recursos para esse programa, como estabelece a Constituição.

Benefício
A determinação atual garante o benefício em viagens interestaduais àqueles idosos que ganham até dois salários mínimos. Quando os dois lugares estiverem ocupados, os outros solicitantes devem ter desconto de 50% no preço da passagem.

No caso de descumprimento, as companhias podem pagar multa de até R$ 2,8 mil.

A seguir, meus comentários:

A notícia acima demonstra como o Estado sempre pratica a caridade: com o chapéu alheio. A turma do tribunal federal em questão acredita piamente que existe almoço grátis. E para piorar a situação, o tapado que escreveu a notícia chama de "benefício" esta caridade macunaímica. Viajar de graça, isto é, às custas das viações, é um privilégio, jamais um "benefício" ou mesmo um "direito". Se esse tipo de privilégio for considerado um "direito adquirido", aí as viações terão sérios problemas causados por esta mentalidade assistencialista hipócrita do Estado brasileiro. Quando os idosos viajam em 2 assentos, quem paga a conta desse desperdício de lugares? Certamente, não são os próprios idosos, pois eles jamais aceitariam pagar sequer um centavo a mais pelo privilégio. Portanto, as viações acabam pagando a conta - e o pato, também. Quando os idosos fazem viagens interestaduais de graça, idem.

Imaginemos as excursões de grupos da terceira idade: os prejuízos serão tão grandes que as viações simplesmente farão de tudo para que os idosos não mais viajem nos seus ônibus. Esta determinação judicial imbecil acabará prejudicando justamente aqueles que seriam beneficiados na teoria: os idosos.

Como se vê, essa turma de juízes quer que as viações dêem almoço grátis aos idosos. Porém, o que fazer quando os cidadãos e as autoridades insistem em acreditar em Papai Noel?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Hugo Chávez Vs. Papai Noel

Eis a notícia da France Press

Venezuela vai censurar Papai Noel por suposta influência americana

Os venezuelanos serão estimulados a festejar o Natal em escolas e repartições públicas sem a presença de pinheirinhos enfeitados ou da figura de Papai Noel, considerados importações americanas. O ministro venezuelano da Comunicação, William Lara, disse à France Presse que as famílias poderão comemorar a data como quiserem, mas que nos prédios oficiais há a determinação de "resgatar as tradições natalícias venezuelanas", que incluem presépios, canções e plantas locais. Segundo Lara, é preciso evitar a influência de "componentes culturais estrangeiros". O Natal, disse ele, não se converterá numa "festa de Halloween", o dia das bruxas, na tradição americana.

A "Enciclopédia Britânica" dá uma outra versão à origem de Papai Noel.
São Nicolau, que está na raiz do chamado “bom velhinho”, foi, no século 4º, bispo de Mira, na atual Turquia. Seus ossos foram transportados em 1087 para Bari, na Itália. A partir de então, ele se tornou um santo extremamente popular em toda a Europa cristã, por conta de milagres que envolviam as idéias de criança e de generosidade. No século XVI, ele era chamado na Holanda de "Sinterklaas" (de onde vem o "Santa Claus" americano), com gorro e barbas brancas. No século seguinte, imigrantes holandeses levaram seu culto a Nova York. Ou seja, ele não é de origem americana, mesmo que a Coca-Cola o tenha apresentado numa campanha publicitária em 1931. O Papai Noel barbudo e gordo já aparecia num livro infantil de 1822 e está retratado num quadro do pintor russo Ilya Répin (1844-1930).

A seguir, meus comentários:

Quando o Estado chega ao ponto de dizer às pessoas como elas devem comemorar suas festas, isto significa que ele está usando seu poder coercitivo para coagir o povo a agir como os governantes querem, e não como os indivíduos acham melhor. No caso específico desta patacoada do governo venezuelano, esconde-se, por trás de um sofismático discurso de proteção da cultura nacional, um profundo sentimento xenofóbico – neste caso, o anti-americanismo. O pior de tudo é que o Papai Noel não é uma invenção americana, e sim uma tradição européia, anterior ao surgimento dos Estados Unidos. Porém, não se deve esquecer que aqui no Brasil, um país que, em certas pesquisas, revela-se tão anti-americano quanto o Irã, há muitos políticos nacionalisteiros que querem proibir a comemoração do Halloween no Brasil. Aliás, o que não falta na América Latina são nacionalisteiros.