quarta-feira, abril 11, 2012

Entre ditadores e monstros democráticos

Certa vez, um grande amigo meu, médico-psiquiatra, afirmou: ¨Todos os ditadores são pessoas desequilibradas que têm algum problema mental¨. Eu discordo veementemente desta afirmação com dois argumentos. Primeiro: os ditadores não são todos a mesma coisa; há ditadores e ditadores. Muitos deles até podem ser considerados loucos, mas outros são pessoas sensatas e honradas. Segundo: muitos políticos que aceitam as regras da democracia são verdadeiros monstros, pessoas muito piores do que alguns ditadores.

É claro que se pegarmos como exemplo de ditadores pessoas como Hitler, Mussolini, Stalin, Fidel Castro, Mao Tse-Tung etc., certamente chegaremos a conclusão - precipitada - de que nenhum ditador presta. Porém, existem vários exemplos de ditadores que eram, realmente, patriotas, sensatos e honrados, sendo que alguns destes chegaram ate a preparar o futuro de seus países após a sua morte ou a sua ditadura. Eis alguns exemplos:

1- General Augusto Pinochet Ugarte, ditador do Chile de 1973 a 1990: salvou o Chile do comunismo, cuja revolução estava sendo tramada desde a própria presidência por Salvador Allende, eliminou todos os opositores que pegaram em armas contra o Estado e retirou-se do poder após convocar uma assembleia constituinte e entregar o governo aos civis. Ademais, aceitou comparecer, embora bastante enfermo, a todos os julgamentos promovidos pelo tendencioso juiz espanhol Baltasar Garzón, que não sossegou enquanto não conseguiu impor algum tipo de condenação ao ex-ditador. Aliás, convém lembrar que Garzón foi banido da magistratura espanhola por 11 anos justamente por nao ser flor que se cheire, sendo que, dificilmente, após este prazo, conseguirá recuperar seu poder jurídico.

2- General Francisco Franco - ditador da Espanha de 1939 a 1975: assim como seu homólogo chileno, salvou a Espanha - e a Europa ocidental - do comunismo, cuja revolução vinha sendo tramada por um governo-fantoche comandado por agentes soviéticos a serviço do Kremlin. Em 1975, mandou buscar o rei da Espanha, que estava exilado em Portugal, para sucedê-lo após sua morte, sendo que sua majestade, em 1977, convocou uma assembleia constituinte, transferiu o poder para o primeiro-ministro e restaurou a democracia, garantindo, através da restauração da monarquia, a unidade do Reino da Espanha, um país muito divido devido aos movimentos separatistas de várias províncias.

3- Marechal Castello Branco e demais generais-presidentes, ditadores do Brasil de 1964 a 1985: assim como seus homólogos de língua espanhola, salvaram o Brasil do comunismo, cuja revolução vinha sendo tramada desde a presidência por João Goulart, em conjunto com uma miríade de grupos armados da guerrilha terrorista treinada em Cuba e apoiada, militar e financeiramente, por Havana, Moscou e Pequim. Apesar de a redemocratização não ter sido nada fácil, que eu saiba, nenhum general-presidente e nenhum militar de alta patente enriqueceu com o poder. Os militares brasileiros da geração de 1964 eram, acima de tudo, patriotas, honestos e tinham plena consciência do seu dever constitucional de manter a ordem nacional e combater os opositores que pegaram em armas contra o Estado. Pena que, diferentemente de Pinochet, por exemplo, os militares brasileiros não fizeram o serviço completo...

Além de tudo isso, convém salientar o fato de que a grande maioria dos políticos brasileiros atuais são verdadeiros monstros, mas aceitam as regras da democracia, pois são eleitos pelo povo dentro da lei. E daí? Só porque esses monstros aceitam a democracia eles são melhores do que governantes como Pinochet, Franco ou Castello Branco? Para mim, não! Essa ideia de que toda democracia é boa e toda ditadura é má é frescura de sociólogo!

terça-feira, abril 10, 2012

Por que duas polícias?

Nos últimos anos, eu viajei várias vezes para países como Estados Unidos, Cuba, Peru, Colômbia etc. Todos esses países tem uma coisa ótima em comum: a polícia é uma só, isto é, não existe essa divisão de Polícia Civil e Polícia Militar. Nesses países, polícia é polícia e exército é exército. Nao se tem esse meio-termo de Polícia Militar.

No Brasil, a discussão sobre a unificacão das polícias estaduais é uma briga antiga, uma coisa que se fala há décadas. Trata-se de uma discussão, acima de tudo, sobre direitos adquiridos, pois as cúpulas de ambas as corporações têm os seus interesses a defender, e caso a unificação seja de fato alcançada, terá que haver uma fase de transição, que poderá durar muitos anos.

O sistema policial estadual tem que ser totalmente reformulado, pois uma mera fusão das polícias pioraria ainda mais a situação e certamente causaria um verdadeiro caos no comando da corporação, pois os delegados de primeira classe jamais aceitariam receber ordens de militares, e os coronéis da PM jamais aceitariam receber ordens de civis. Assim sendo, seria necessária uma reforma total da estrutura e da hierarquia das polícias estaduais.

quarta-feira, março 21, 2012

O armamento da Guarda Municipal de Santos

Você deve se lembrar do caso de um jovem brasileiro, chamado Jean Charles, que foi confundido com um terrorista e morto em Londres pela polícia metropolitana, a famosa Scotland Yard. Pois bem, esse caso revela um paradoxo inconciliável do raciocínio de muitas pessoas: por um lado, a investigação da justiça inglesa provou que Jean Charles foi morto por policiais com 7 tiros na cabeça, enfim, uma tragédia. Porém, muita gente ainda acredita que a polícia inglesa nunca usa armas, ou seja, os policiais ingleses enfrentam atiradores, assaltantes, terroristas etc. na base do cassetete.

Na minha opinião, forças de segurança desarmadas não servem para combater o crime e nem para nos proteger. Quanto mais armada a polícia, melhor para o cidadão de bem, mesmo que este seja uma dessas pessoas que acham que os policiais devem enfrentar bandidos armados até os dentes de peito aberto, sendo que, fatalmente, serão abatidos a tiros.

No dia 27 de março, eu conversei por telefone com o secretário de Segurança de Santos, o coronel da Reserva da PM Renato Perrenoud, sobre a Guarda Municipal como um todo. Ele me disse que o efetivo atual é de 440 guardas. O equipamento deles é composto por: colete à prova de balas, bastão tonfa (cassetete), algemas e gás-pimenta. Dos 440 guardas, 18 guardas habilitados já estão usando a pistola taser. A Guarda Municipal de Santos não usa armas de fogo. Isso me preocupa, pois os guardas municipais, ao defenderem o patrimônio da cidade, certamente terão que enfrentar bandidos armados até os dentes, e com o armamento de que dispõem, que não é letal, certamente vão levar a pior na grande maioria das ocorrências.

segunda-feira, março 19, 2012

Encontro ufológico no IPPB, em Sampa

Ontem, eu e meu pai estivemos no IPPB, no bairro do Ipiranga, em Sampa, e assistimos às duas palestras ufológicas lá proferidas. A primeira, do Rafael Cury, foi sobre o comitê Majestic 12 (MJ-12) e a sua influência na maneira como o governo americano trata o fenômeno UFO até hoje. A segunda, do Marco Antonio Petit, foi sobre a conexão espiritual entre os ETs e a humanidade da Terra, na qual Petit expôs sua visão positiva do fenômeno das abduções - visão esta com a qual passei a concordar.

No intervalo entre uma palestra e outra, os dois palestrantes falaram um pouco sobre os misteriosos sons/ruídos ouvidos e registrados em áudio e vídeo em vários lugares/países do mundo, inclusive em Sampa e Curitiba.

O evento contou com a participação de cerca de 80 pessoas, que ficaram muito bem acomodadas nas dependências do IPPB. Aliás, antes das duas palestras, o Wagner Borges falou um pouco sobre as viagens astrais, isto é, as experiências de saída consciente do corpo físico e contatos com espíritos e ETs.

Parabéns ao Wagner e aos demais organizadores do evento!

quarta-feira, março 14, 2012

Por que não imitar o que dá certo?

Eu já estive 4 vezes na Colômbia, a trabalho e a passeio, principalmente em Bogotá, e sempre, invariavelmente, eu constato a seguinte realidade: atualmente, a Colômbia é um país bastante seguro em cidades como Bogotá, Cartagena, Zipaquirá etc. Em Bogotá, por exemplo, a coisa mais normal do mundo é ver, em várias regiões da cidade, vários caixas eletrônicos no meio da calçada sem nenhum tipo de proteção especial ou blindagem, e tem mais: não se vê ninguém mal-encarado por perto.

É claro que essa situação atual não caiu do céu. Ela é o resultado de uma "fórmula mágica" que é a mais antiga do mundo e que sempre funciona: quanto mais polícia na rua, mais segurança. Na Colômbia, vemos nessas cidades um grande número de policiais, e todos andam muito bem armados, com armas de grosso calibre, e com coletes à prova de balas.

Por que o governo brasileiro, nas suas 3 esferas, não copia essas "fórmulas mágicas" que sempre dão certo?

domingo, março 04, 2012

Tudo é relativo até que alguém pise no seu calo!

Todos nós temos assuntos sobre os quais não admitimos discussão. Na maioria dos casos, o assunto intocável é a religião, ou melhor dizendo, as crenças religiosas das pessoas, as quais as têm como dogmas, artigos de fé.

Não são poucas as pessoas - e eu conheço várias - que gostam de afirmar que tudo é relativo e que não existem verdades absolutas mas que, quando alguém pisa no seu calo, elas se armam, se fecham e dizem: "Aí, é diferente! Não admito discussão sobre esse assunto! Eu tenho a minha opinião, você tem a sua e vamos continuar sendo amigos, mas sem entrar no mérito da questão!" E o mais irônico de tudo isso é que, geralmente, as pessoas mais relativistas costumam ser os defensores mais ferrenhos dos seus pontos de vista naqueles assuntos específicos que lhe são tão caros.

Além disso, há dois tipos de pessoas: aquelas cujo senso de justiça é transcendente e aquelas cujo senso de justiça é imanente. A diferença entre esses dois grupos é relativamente fácil de explicar: enquanto os transcendentes conseguem perceber que existe um conceito de certo e errado que é geral, acima de todos e que vale para todos, inclusive para eles, os imanentes, por sua vez, acham que o certo é o que favorece os seus interesses, e o errado é aquilo que vai contra os seus interesses. Para este segundo grupo de pessoas, quando eles, por exemplo, cometem uma incivilidade, uma desonestidade ou até mesmo um crime, o ato se torna certo porque tudo aquilo que eles fazem é certo, enquanto que as mesmas incivilidades, desonestidades e crimes, quando cometidos pelos outros, aí sim é que são crimes, pois quando os outros fazem coisas erradas, elas são erradas, mas quando eles próprios fazem coisas erradas, elas se tornam corretas pelo fato de terem sido feitas por eles, afinal de contas, eles nunca erram; o erro sempre é dos outros.

sábado, fevereiro 25, 2012

Enquanto a América dança, Obama canta

No mês passado, Obama visitou um teatro no bairro nova-iorquino do Harlem, onde estava programado que discursaria para militantes e financiadores de sua campanha à reeleição. Num dado momento do discurso, Obama cantarolou a canção Let´s stay together, de Al Green, um clássico da música soul americana. A mídia americana cobriu o fato, mas não se disse uma palavra sobre alguma possível proposta que Obama tenha divulgado para tirar os Estados Unidos do atoleiro em que se encontram.

Enquanto, no passado, grandes presidentes americanos, tais como Lincoln, Roosevelt e Kennedy, proferiam discursos memoráveis motivando o povo americano a trabalhar duro em tempos de crise, Obama cantarola uma musiquinha em vez de discursar e acha que esse ridículo recurso teatral e de marketing vai salvar a América.

domingo, fevereiro 12, 2012

Dó tem limite!

No ano 2005, aos 19 anos de idade, eu cursei o primeiro ano da Faculdade de Jornalismo da Universidade Santa Cecília (UNISANTA), aqui em Santos. No ano seguinte, abandonei a faculdade por motivos que não vou explicar agora - menos mal, pois eu não nasci para ser jornalista.

Agora há pouco, quando estava no meu quarto, deitado, tentando dormir, lembrei-me de um acontecimento "interessante", para dizer o mínimo. Ocorre que certa feita, eu conversava durante a aula com uma colega de classe que era, aliás, belíssima e extremamente amável - tão amável que tinha dó até mesmo dos bandidos que cometem crimes hediondos. Explico: não me lembro por que, mas de repente começamos a falar sobre o assim chamado "massacre" do Carandiru, que eu prefiro chamar de batalha, mas... conversa vai, conversa vem, e eis que ela diz a seguinte frase:

Pelo que eu sempre ouço falar desse caso, as pessoas e a imprensa em geral dizem que a PM entrou no Carandiru decidida a matar todo mundo!

Eu contestei essa versão dos fatos explicando à moça que quando a PM entrou na cadeia, os presos, que eram mais de 7 mil, haviam incendiado vários setores do presídio, faziam um monte de pessoas inocentes como reféns e estavam armados até os dentes. Portanto, o coronel Ubiratan não poderia entrar no Carandiru "pedindo licença". Ele invadiu o Carandiru com a finalidade de acabar com a rebelião, o que custou a morte dos tão famosos 111 detentos.

Mesmo após explicar tudo isso, eu notei que a mocinha continuou com dó dos criminosos. Nesta hora, eu, então com 19 anos e ainda um rapaz muito ingênuo, compreendi que dó tem limite. Ter dó desses detentos que foram mortos porque a PM cumpriu a sua obrigação de acabar com a rebelião é um excesso de compaixão, de pena, de boa-fé, de dó, enfim.

Além de tudo isso, por volta de 2010, já há dois anos, meu pai acrescentou um argumento fundamental em defesa da PM e do coronel Ubiratan, que comandou essa batalha vitoriosa e justa: o Carandiru era habitado por nada menos que 7 mil bandidos de alta periculosidade; desses 7 mil, a PM matou 111. Em termos porcentuais, 111 não são nem 1% de 7 mil. Portanto, se a PM matou menos de 1% dos detentos, a versão de que a PM entrou para "matar todo mundo" se torna até ridícula.

Para finalizar, uma reflexão: se a PM matou 111 bandidos no Carandiru e o Brasil inteiro ficou uns 5 anos sem ter uma única rebelião, imagine se o coronel Ubiratan tivesse mandado os PMs matarem todos os 7 mil presos? Talvez o Brasil ficasse livre de rebeliões até hoje. Porém, infelizmente, o heróico coronel Ubiratan não fez o serviço completo...

terça-feira, fevereiro 07, 2012

A televisão brasileira e a história do Brasil

Atualmente, a TV Record está exibindo, no horário nobre, uma série de sua produção sobre a história do rei Davi de Israel, um dos maiores heróis bíblicos e uma das figuras mais importantes do Velho Testamento. A grande audiência dessa série revela o fato de que o povo brasileiro carecia, já há muito, de uma programação religiosa voltada para a questão da espiritualidade, sem ter necessariamente um vínculo com esta ou aquela igreja. Porém, como sói dizer o escritor paranaense Laurentino Gomes, autor dos livros 1808 e 1822, existe no Brasil de hoje uma grande demanda popular pelo estudo e pela compreensão da história do Brasil, a qual ainda é muito mal contada nas escolas.

No caso das emissoras brasileiras privadas de TV aberta, não devemos esperar que elas produzam reportagens ou documentários de alto nível sobre a história do Brasil, pois elas estão focadas exclusivamente na lógica comercial de veicular os programas e atrações que dão mais audiência, nada importando para seus diretores e donos a história nacional.

Já no caso das TVs públicas/estatais, cabe a elas a missão de produzir conteúdos de alta relevância sobre a história do Brasil, pois estas emissoras não visam lucro - ao menos é o que o governo diz... Na minha opinião, uma emissora como a TV Cultura, por exemplo, tem a obrigação social de produzir uma miríade de conteúdos sobre a história nacional, pois as TVs públicas representam o Estado e, conseqüentemente, a nação brasileira.

segunda-feira, janeiro 23, 2012

Os verdadeiros papéis do Estado

Recentemente, assisti pelo YouTube a um debate sobre política em que o jornalista Leandro Narloch disse que o governo deveria "parar de atrapalhar o povo brasileiro", pois, segundo ele, o Estado brasileiro atrapalha a vida do cidadão e não lhe dá liberdade suficiente para empreender e exercer outros direitos básicos.

Parece-me que Narloch não percebe que esse discurso, aparentemente interessante para o povo, na realidade acaba por afastar o povo do raio de influência dele, pois a grande maioria da população brasileira não é atrapalhada em nada pelo Estado, por um motivo muito simples: o povo, na sua maioria, é absolutamente abandonado pelo Estado, pois é pessimamente atendido pelo governo nas suas necessidades elementares, tais como saúde, educação, segurança etc. Só atrapalha quem está presente, e o Estado brasileiro está muito distante da grande maioria da população brasileira.

O discurso sobre os papéis do Estado deveria ser proferido nos seguintes termos: o Estado tem que estar cada vez mais perto do povo, para poder atendê-lo e cumprir com as suas obrigações para com a população. Um dos grandes problemas do Brasil não é o Estado em si, mas o que ele faz, como ele faz e para quem ele faz.

Se, por um lado, o Estado até pode atrapalhar um cidadão como Narloch, por outro lado, a maior parte da população das classes C, D e E adoraria que o Estado se aproximasse dela, ouvisse os seus clamores e funcionasse também para eles, os pobres, e não apenas para as classes A e B.

sábado, janeiro 21, 2012

Conversando com um louco

Recentemente, conheci um sujeito extremamente "interessante", no sentido negativo do termo: trata-se de um inglês de descendência alemã que conheci em circunstâncias as quais não revelarei por motivos pessoais. Na última vez em que me encontrei com ele, conversamos durante cerca de uma hora, e devo dizer que nunca escutei tantas tonterias num período relativamente curto de 60 minutos. Eis algumas "pérolas" do louco, divididas por temas:

GUERRA:

Ele: "O Brasil deveria ir à guerra."

Eu: "Contra quem? Por quê?"

Ele: "Contra quem e por que eu não sei, mas o Brasil deveria ir à guerra, pois da guerra costumam emergir grandes líderes; ademais, a guerra tem o poder de purificar uma nação e exterminar os líderes podres que estão no poder.

Eu: "Você acha que o Brasil deveria entrar em guerra, por exemplo, contra os seus vizinhos?"

Ele: "Pode ser. Seria uma boa."

Eu: "Mas o Brasil é um país contente com as suas fronteiras. Nós não possuímos nenhuma ambição territorial que nos coloque em situação de conflito com os nossos vizinhos sul-americanos."

Ele: "Mas o Brasil está em guerra..."

Eu: "Pode até ser, mas não se trata de uma guerra civil. Trata-se de uma guerra entre o Estado e o crime organizado."

Ele: "Concordo plenamente. Não é uma guerra civil."

Eu: "Em lugares como o Rio de Janeiro, o Estado está travando uma guerra justa, pois é uma guerra contra o narco-tráfico. E o Estado está ganhando por lá. A ocupação dos morros cariocas pela polícia é um sucesso."

Ele: "Mas o Brasil precisa de uma guerra geral."

Eu: "Como assim?"

Ele: "O Brasil precisa se fortalecer militarmente porque, em breve, a China vai invadir o Brasil."

Eu: "A China? Justamente a China, que está fazendo tantos negócios com o Brasil? Que os Estados Unidos um dia vão invadir o Brasil, ao menos é uma lorota da qual a gente ouve falar desde sempre. Mas a China? Por que a China invadiria o Brasil?"

Ele: "Em breve, os recursos naturais se esgotarão no mundo como um todo, inclusive na China, e eles vão invadir o Brasil justamente porque se trata do país com a maior abundância e diversidade de recursos naturais do mundo. Se o Brasil não se defender, os chineses vão drenar todas as riquezas naturais do Brasil, a começar, é claro, pela Amazônia."

BRASIL E BRASÍLIA:

Ele: "O Brasil é muito grande para ser um só país. Ademais, sua capital fica no meio do nada. Longe de todos os centros urbanos do país."

Eu: "Quanto ao tamanho do Brasil, não vejo problema algum; eu até gosto do fato de o Brasil ser um país de dimensões continentais. Quanto à capital, Brasília foi construída pelo mesmo motivo pelo qual os americanos construíram Washington: fazer com que a cidade planejada viva especificamente de ser a capital."

Ele: "Mas a situação de Washington é muito diferente da situação de Brasília. Apesar de Washington viver especificamente de ser a capital, a cidade em si não fica no meio do nada. Já Brasília fica longe de tudo, e essa lonjura faz com que o povo governado fique a milhares de quilômetros de distância do poder. Nesta situação de isolamento físico, o governo federal fica blindado contra qualquer pressão popular."

DEMOCRACIA, A QUESTÃO DO VOTO E OUTRAS COISAS:

Ele: "Eu nunca votei na minha vida, pois nunca encontrei um único candidato que merecesse o meu voto para qualquer cargo. Eu já morei em vários países e nunca pensei em me naturalizar justamente para não ter que votar.

Eu: "Se você não participa do processo de escolha dos governantes, você acha que tem o direito de protestar?"

Ele: "Mas é claro! Democracia é isso!"

Eu: "Alto lá! Democracia não é isso! Você pode até não votar, mas se você não vota, você não pode reclamar depois!"

Ele: "Quem disse que eu não posso? É meu direito constitucional. O ato de não votar é uma maneira de participar do processo democrático. Além de tudo isso, não me agrada esse negócio de pessoas incultas poderem votar."

Eu: "Então, você é contra o voto universal?"

Ele: "Eu acho que o voto deveria ser seletivo."

Eu: "Então, você defende o voto censitário?"

Ele: "O que é isso?"

Eu: "É o voto baseado, por exemplo, na renda média do eleitorado: o governo decreta, por exemplo, que a renda mensal mínima para o cidadão poder votar é X. Assim sendo, quem ganha menos do que X não pode votar. Esse procedimento exclui a grande maioria da população pobre do processo de escolha dos governantes."

Ele: "Não. Não é bem isso. Eu acho que cada cidadão deveria ser submetido a um "teste de cultura geral" (sic) para conquistar o direito de votar; quem não passasse nesse exame não poderia votar."

Depois, o louco falou uma coisa que certamente é mentira:

Ele: "Antes de morar aqui no Brasil, eu morei em vários países, bastante diferentes um do outro. Em todos os outros países, eu nunca conheci ninguém que tivesse sido vítima de um crime. Já quando eu tinha acabado de desembarcar aqui no Brasil, todo mundo ao meu redor já tinha sido vítima de uma infinidade de crimes."

Isso é tudo de que me lembro do que esse louco falou. É mole?

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Reflexões sobre o sistema eleitoral

A seguir, notícia publicada hoje no portal UOL:

Recontagem dos votos de Iowa mostra Santorum à frente de Romney

O pré-candidato republicano Rick Santorum, ex-senador da Pensilvânia, ficou à frente do concorrente Mitt Romney no caucus do Estado de Iowa por 34 votos, mas não pode ser declarado vencedor, segundo resultados revisados publicados nesta quinta-feira.
Há duas semanas, Mitt Romney --cujo favoritismo para disputar a Presidência com Barack Obama ainda enfrenta resistência no Partido Republicano-- havia sido declarado vencedor da prévia eleitoral de Iowa, que abriu a disputa pela Casa Branca, por apenas oito votos em mais de 122 mil.

A recontagem dos votos referentes ao caucus republicano (assembleia onde os votantes decidem o candidato de seu partido) realizado no dia 3 de janeiro apontou que Mitt Romney ficou em segundo lugar na votação, e não foi vencedor, de acordo com a imprensa americana.

Apesar da ligeira vantagem de Santorum, um verdadeiro vencedor não pode ser apontado, uma vez que os resultados de oito dos 1.774 distritos não puderam ser localizados para a revisão. Considerando os votos revistos, porém, Santorum ficaria à frente de Romney.

Os votos contabilizados mostram o ex-senador da Pensilvânia com 29.839 votos, contra 29.805 votos obtidos pelo ex-governador de Massachusetts Mitt Romney.
"Os resultados de diversos distritos estão faltando, e os resultados finais verdadeiros podem nunca ser conhecidos", afirma a emissora de TV americana CNN.
Segundo o jornal "The Washington Post", a aparente vitória de Santorum não terá grandes impactos em sua corrida para vencer a nomeação pelo Partido Republicano. Os novos resultados, porém, impedem Romney de afirmar que foi o primeiro pré-candidato desde 1976 a vencer o caucus de Iowa e a primária de New Hampshire que não tentava reeleição.

O porta-voz da campanha de Santorum citado pela CNN disse que a mudança é "muito excitante". "A narrativa por muito tempo foi de que o placar estava 2 a 0 para Mitt Romney", afirmou Hogan Gidley. "Se esses resultados forem verdade, Rick está 34 votos à frente. Com isso, a narrativa muda: houve dois vencedores diferentes em dois Estados."

PRIMÁRIAS

As primárias republicanas e democratas acirram a disputa rumo às eleições que definirão o novo presidente dos Estados Unidos no dia 6 de novembro deste ano. Divididas por Estados e realizadas em diferentes datas, as prévias são parte importante do processo eleitoral americano.
Como Barack Obama tenta a reeleição pelo Partido Democrata, a corrida inicial fica entre os pré-candidatos republicanos. Veja o caminho para um americano se tornar presidente dos Estados Unidos.

A seguir, meus comentários:

Por um lado, o sistema americano de seleção interna dos candidatos, em que eles são eleitos pelos próprios militantes de cada partido, é muito mais democrático do que o sistema brasileiro, pois em quase todos os partidos brasileiros, os candidatos são escolhidos de cima para baixo, isto é, a cúpula, ou o dono do partido, decide e a massa dos militantes é obrigada a aceitar os candidatos impostos pelos caciques de cada partido.

Por outro lado, o sistema americano de votação é lento e jurássico, na base do cartão furado, enquanto que o sistema brasileiro é um dos mais modernos - e seguros - do mundo, pois as urnas eletrônicas brasileiras são um exemplo de como o Brasil consegue produzir tecnologia de ponta para solucionar problemas primordiais quanto ao destino da nação, neste caso, a segurança e a rapidez do método de votação.

terça-feira, janeiro 03, 2012

A utopia do país sem problemas

Durante o show da virada de ano da RedeTV, comandado pelo pessoal do programa "Pânico", o humorista Fábio Rabin fez um número de stand-up no qual afirmou enfaticamente que o Brasil é uma merda e fez a seguinte observação:

O rap é uma música de crítica social. Ele floresce no terceiro mundo, em países como o Brasil. Não faz sentido fazer rap lá na Suíça! Imaginem o rap de um suíço: ´Eu ganho bem / Eu moro bem / Aqui só tem loira / Meu hobby é esquiar nos Alpes...´

O "rap suíço" do humorista segue mais um pouco, sempre dando a entender que a Suíça é um país que não tem problemas. Esse cidadão não tem muita cultura, pois desconhece que existe, sim, rap em países de primeiro mundo, tais como França e Alemanha, por exemplo, além do fato de que o rap nasceu justamente nos Estados Unidos!

Esse humorista representa uma fatia grande da população brasileira: os cidadãos que, além de detestarem o Brasil, acreditam que os países de primeiro mundo simplesmente não têm problemas, isto é, são sociedades perfeitas e plenamente justas. O grande problema desse raciocínio romântico é que todos os países do mundo têm problemas. É claro que há diferenças escalares entre o primeiro e o terceiro mundo, mas o que muda de um país para outro são os tipos de problemas, e não essa ilusão infantil de que este ou aquele país é literalmente um paraíso edênico, o Céu na Terra.

As pessoas, sejam elas brasileiras ou não, que acreditam que existem países sem problemas sempre se frustrarão com a situação da sua pátria, pois o target delas é não apenas alto, como também impossível de ser alcançado.

Eu creio piamente que o planeta Terra não foi feito para ser um paraíso. Na minha opinião, a Terra é uma escola para que todos nós evoluamos espiritualmente e mereçamos reencarnar em condições materiais cada vez melhores, neste ou em outro planeta. Não há paraíso de fato no mundo material.