sexta-feira, novembro 17, 2006

Democracia de bugre

A Câmara dos Deputados da Bolívia, onde o partido MAS (Movimento ao Socialismo), de Evo Morales, lidera a maioria situacionista, aprovou alterações na legislação sobre a reforma agrária, as quais permitem que os latifúndios sejam confiscados e loteados entre os sem-terra. Porém, no Senado, em que o partido Podemos (Poder Democrático Social) lidera a maioria oposicionista, estas alterações na legislação certamente serão vetadas. Então, Evo, o presidente-cocalero-mor desta bizarra pseudodemocracia bugre, declarou à imprensa que se a proposta for rejeitada pelo Congresso, o povo fará as mudanças previstas na nova redação da lei à força.

Democracia de bugre é assim: se a lei não for aprovada, que se dane o Parlamento! E que se dane a própria legalidade democrática em si! E ainda tem gente que acha que a Bolívia está vivenciando uma bonança nunca dantes experimentada. O boliviano médio, que não é lá muito diferente do brasileiro médio, crê piamente que democracia são dois lobos e uma ovelha votando em quem vai jantar! Com uma mentalidade chucra como essa, haja exército para conter a turba!

sexta-feira, novembro 10, 2006

Fazendo caridade com o chapéu alheio

A seguir, notícia publicada na seção de economia do site UOL:

Idosos voltam a ter o direito de viajarem de graça em ônibus interestaduais

SÃO PAULO - Os idosos com renda mensal de até R$ 700 já podem voltar a arrumar as malas e planejar sua viagem. Na quinta-feira (09), a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) conseguiu suspender os efeitos da liminar obtida pelas empresas de ônibus que a proibia de aplicar multa no caso de não-concessão de duas poltronas gratuitas em casa viagem para esse público.

A decisão foi da 5ª Turma do Tribunal Regional Federal da Primeira Região. Há cerca de duas semanas, o juiz Jamil Jesus Rosa de Oliveira, da 14ª Vara Federal de Brasília, acatou pedido de liminar da Associação Brasileira das Empresas de Transporte Terrestre de Passageiros (Abrati) e liberou as companhias do transporte gratuito.

Equilíbrio financeiro
O magistrado que havia concedido a liminar explicou à época que a concessão do benefício aos idosos, em vigor desde 25 de outubro, ameaçava o equilíbrio financeiro das empresas.

Além disso, em sua justificativa, ele explicou que o governo não especificou a fonte dos recursos para esse programa, como estabelece a Constituição.

Benefício
A determinação atual garante o benefício em viagens interestaduais àqueles idosos que ganham até dois salários mínimos. Quando os dois lugares estiverem ocupados, os outros solicitantes devem ter desconto de 50% no preço da passagem.

No caso de descumprimento, as companhias podem pagar multa de até R$ 2,8 mil.

A seguir, meus comentários:

A notícia acima demonstra como o Estado sempre pratica a caridade: com o chapéu alheio. A turma do tribunal federal em questão acredita piamente que existe almoço grátis. E para piorar a situação, o tapado que escreveu a notícia chama de "benefício" esta caridade macunaímica. Viajar de graça, isto é, às custas das viações, é um privilégio, jamais um "benefício" ou mesmo um "direito". Se esse tipo de privilégio for considerado um "direito adquirido", aí as viações terão sérios problemas causados por esta mentalidade assistencialista hipócrita do Estado brasileiro. Quando os idosos viajam em 2 assentos, quem paga a conta desse desperdício de lugares? Certamente, não são os próprios idosos, pois eles jamais aceitariam pagar sequer um centavo a mais pelo privilégio. Portanto, as viações acabam pagando a conta - e o pato, também. Quando os idosos fazem viagens interestaduais de graça, idem.

Imaginemos as excursões de grupos da terceira idade: os prejuízos serão tão grandes que as viações simplesmente farão de tudo para que os idosos não mais viajem nos seus ônibus. Esta determinação judicial imbecil acabará prejudicando justamente aqueles que seriam beneficiados na teoria: os idosos.

Como se vê, essa turma de juízes quer que as viações dêem almoço grátis aos idosos. Porém, o que fazer quando os cidadãos e as autoridades insistem em acreditar em Papai Noel?

quinta-feira, novembro 09, 2006

Hugo Chávez Vs. Papai Noel

Eis a notícia da France Press

Venezuela vai censurar Papai Noel por suposta influência americana

Os venezuelanos serão estimulados a festejar o Natal em escolas e repartições públicas sem a presença de pinheirinhos enfeitados ou da figura de Papai Noel, considerados importações americanas. O ministro venezuelano da Comunicação, William Lara, disse à France Presse que as famílias poderão comemorar a data como quiserem, mas que nos prédios oficiais há a determinação de "resgatar as tradições natalícias venezuelanas", que incluem presépios, canções e plantas locais. Segundo Lara, é preciso evitar a influência de "componentes culturais estrangeiros". O Natal, disse ele, não se converterá numa "festa de Halloween", o dia das bruxas, na tradição americana.

A "Enciclopédia Britânica" dá uma outra versão à origem de Papai Noel.
São Nicolau, que está na raiz do chamado “bom velhinho”, foi, no século 4º, bispo de Mira, na atual Turquia. Seus ossos foram transportados em 1087 para Bari, na Itália. A partir de então, ele se tornou um santo extremamente popular em toda a Europa cristã, por conta de milagres que envolviam as idéias de criança e de generosidade. No século XVI, ele era chamado na Holanda de "Sinterklaas" (de onde vem o "Santa Claus" americano), com gorro e barbas brancas. No século seguinte, imigrantes holandeses levaram seu culto a Nova York. Ou seja, ele não é de origem americana, mesmo que a Coca-Cola o tenha apresentado numa campanha publicitária em 1931. O Papai Noel barbudo e gordo já aparecia num livro infantil de 1822 e está retratado num quadro do pintor russo Ilya Répin (1844-1930).

A seguir, meus comentários:

Quando o Estado chega ao ponto de dizer às pessoas como elas devem comemorar suas festas, isto significa que ele está usando seu poder coercitivo para coagir o povo a agir como os governantes querem, e não como os indivíduos acham melhor. No caso específico desta patacoada do governo venezuelano, esconde-se, por trás de um sofismático discurso de proteção da cultura nacional, um profundo sentimento xenofóbico – neste caso, o anti-americanismo. O pior de tudo é que o Papai Noel não é uma invenção americana, e sim uma tradição européia, anterior ao surgimento dos Estados Unidos. Porém, não se deve esquecer que aqui no Brasil, um país que, em certas pesquisas, revela-se tão anti-americano quanto o Irã, há muitos políticos nacionalisteiros que querem proibir a comemoração do Halloween no Brasil. Aliás, o que não falta na América Latina são nacionalisteiros.

segunda-feira, outubro 23, 2006

Pedestres e pedestres

Aqui em Santos, mesmo após toda a propaganda feita sobre o perigo de caminhar sobre a ciclovia, inaugurada em dezembro de 2003, não são poucos os pedestres que ainda teimam em andar nela, causando riscos a si próprios e aos ciclistas, patinadores, skatistas e cadeirantes. Porém, se consultarmos o Código de Trânsito Brasileiro (CTB), veremos que os patins e os skates não são considerados veículos, e sim apenas "brinquedos". Por incrível que pareça, nossa legislação de trânsito ainda ignora a indiscutível função veicular de tais objetos.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, é cada vez mais comum o uso de patins por entregadores e office-boys em geral, devido à sua maior mobilidade em relação às bicicletas, estas sim consideradas veículos. Porém, a partir do momento em que patinadores e skatistas são considerados pedestres comuns, como punir, por exemplo, patinadores que atropelam pedestres? Tecnicamente, é impossível, pois pedestre não atropela pedestre. Mas o que fazer quando um dos pedestres calça um tipo especial de sapatos que o impulsionam a andar bem mais depressa do que os verdadeiros pedestres comuns? A confusão está armada.

Você já imaginou um boletim de ocorrência elaborado por policiais que estejam por dentro das normas de trânsito? Pedestre atropela pedestre na ciclovia. No mínimo, estranho, não é? Porém, se pensarmos bem, num país em que os "seqüestros-relâmpago" ainda são tipificados pelo Código Penal como meros roubos seguidos de extorsão, sem a caracterização do crime de seqüestro, por que esperar que o Código de Trânsito Brasileiro seja atualizado o quanto antes?

sexta-feira, outubro 20, 2006

Quer conversar? Tome um táxi!

Não são poucas as pessoas que menosprezam integrantes de determinadas categorias profissionais por acharem que eles não têm informação nem cultura suficientes para que se desenvolva uma boa conversa. Ledo engano. Hoje, vou falar sobre a minha categoria predileta para conversar: os taxistas.

Como eu ainda não tenho carteira de motorista e preciso, freqüentemente, deslocar-me rapidamente da minha casa a certos lugares e vice-versa, sempre tomo um táxi. Uma coisa que qualquer usuário freqüente do serviço de táxi pode observar é o fato de que os taxistas, quando não estão conversando com seus colegas de praça, estão lendo. E eles lêem muito: jornais, a Bíblia, livros laicos etc. Quando não estão lendo algo, estão conversando; quando não estão conversando, estão lendo algo. Raríssimos são aqueles que não costumam fazer nem uma coisa nem outra, até porque deve-se levar em conta que, muitas das vezes, quando eles não estão fazendo nem uma coisa nem outra, estão cochilando. E mesmo assim, mais raros ainda são aqueles que só cochilam e nada mais.

Sempre que me aproximo de um táxi, o taxista destrava a porta do banco do carona, já falando algo e me cumprimentando em seguida. Após também cumprimentá-lo, puxo conversa sobre qualquer assunto e, quando percebo, já estamos conversando a vários minutos. O que me deixa mais admirado e, às vezes, confesso, surpreso, é o fato de que os taxistas estão sempre bem-informados, antenados que são ao mundo que os cerca. Muitos deles são capazes de opinar sobre os mais variados assuntos com total desembaraço e sem reles palpites. Raros são os taxistas adeptos do famigerado clichê Eu acho que, pois, apesar de suas escolaridades serem equivalentes à média nacional, eles sabem muito mais do que muitos catedráticos que eu conheci, os quais são exímios palpiteiros, isto é, pautam suas opiniões e teses sob meros achismos.

Já fiz corridas com inúmeros taxistas que poderiam, sem falso elogio, ser verdadeiros livres-docentes em badaladas universidades santistas, pois, mesmo quando eles não sabem algo, eles perguntam em vez de palpitar, e calam ao ouvir as respostas e os comentários dos passageiros, aceitando-os como válidos até prova em contrário, e não rechaçando-os com o rei na barriga da arrogância propedêutica da qual muitos professores se investem.

Os taxistas estão entre as minha categorias prediletas para um bom papo sobre - repito - qualquer assunto. Eles possuem a informação, o conhecimento, a cultura e a humildade necessários para conversar de igual para igual com qualquer freguês. Em outras palavras, eles são vendedores natos, pois vendem seu peixe, isto é, seu serviço, como poucas outras categorias o fazem.

terça-feira, outubro 03, 2006

Ledo engano

Poucas horas depois de afirmar categoricamente que o segundo turno seria disputado entre Lula e um suposto triunvirato composto por Geraldo Alckmin, Cristóvam Buarque e Heloísa Helena, ouvi as declarações dela no rádio. Heloísa afirmou categoricamente que não apoiará nem Lula nem Alckmin e que nem ela nem nenhum outro político do PSOL poderá dizer publicamente em quem votará, exceto os militantes do partido. Heloísa afirmou que ambos representam o famigerado "modelo neoliberal", e que, portanto, nem ela nem o PSOL como um todo apoiarão nenhum dos dois. Já o caso de Cristóvam é igual ao do ex-fumante que tolera o tabagismo mas que jura jamais pôr um cigarro na boca de novo, isto é, seu antipetismo é menos forte que seus anseios por mudanças, logo, ele também não pregará o voto contra Lula.

Logo depois de ouvir tudo isso, pensei: como pude cair em tamanha cilada, armada por mim mesmo? Pensei que Heloísa Helena fosse se entregar à realpolitik. Ledo engano. Este foi o meu segundo arrependimento na minha relação com a política. O primeiro aconteceu justamente pela razão contrária, isto é, por pensar que o santista Vicente Cascione não se entegraria à realpolitik. Nas eleições municipais de 2004, votei nele para prefeito de Santos. Dois anos depois, em meados deste ano, atinei com o fato de que ele, que sempre foi um crítico acérrimo do PT, vendeu-se ao petismo, tornando-se vice-líder do governo Lula na Câmara dos Deputados. Mas o problema não é uma pessoa mudar de opinião, e sim ter uma opinião para cada ocasião, o que demonstra uma flexibilidade politiqueira que denota um caráter torto e relativista. Em termos ideológicos, pode-se dizer que Cascione é um esquizofrênico, pois seu partido sempre foi o "PVC - Partido Vicente Cascione".

Heloísa Helena é um fenômeno inédito na história republicana do Brasil. Sua única equivalente feminina em termos de ousadia foi a estadista imperial Princesa Isabel. Entretanto, o que difere as duas são as intenções finais dos projetos de cada uma: no caso da estadista, a liberdade dos brasileiros de todas as cores; no caso da comunista, a escravidão dos brasileiros de todas as classes. Eu, que cheguei a pensar que Heloísa tinha adquirido um pingo de racionalidade, perdi totalmente minhas esperanças. Errei. Errei por crer que todos mudam. Ledo engano. Há pessoas que nascem e morrem com os mais variados desvios de caráter. Há pessoas que nascem e morrem comunistas. Assim é o mundo cão da política. Quanto maior for a ilusão, maiores serão as trevas do desgosto. A cilada é mais vergonhosa quando é fruto de um ledo engano. Assim o foi Heloísa Helena: meu segundo ledo engano.

Os partidos menores e a cláusula de barreira

Nas democracias modernas, existem 2 sistemas partidários: o bipartidarismo e o pluripartidarismo. Ambos possuem defensores e detratores ferrenhos, além, é claro, de uma grande massa de desinformados. Entre os desinformados, o povo brasileiro merece atenção especial, pois nós não apenas não sabemos votar como também não sabemos o que queremos. Digo isto porque quando o Brasil possuía, por força de lei, apenas 2 partidos, o povo clamava pelo pluripartidarismo; agora que temos 29 partidos, tendo quase batido na casa das 3 dezenas de legendas, o povo reclama que há partidos demais e clama pela volta do bipartidarismo.

O pluripartidarismo brasileiro é uma piada de mau gosto. Trata-se de um dos pluripartidarismos mais caóticos da Via Láctea. Uma das principais características do nosso pluripartidarismo foi, ao longo dos anos, o crescimento quantitativo, e não qualitativo, dos partidos. Das 29 legendas hoje existentes, apenas 4 partidos podem ser considerados grandes de fato: PT, PSDB, PMDB e PFL. O resto são partidos médios ou pequenos.

Alguns partidos menores, tanto médios quanto pequenos, estão negociando fusões, as quais, como eu já disse em 1o. de março, acabarão por criar verdadeiros PMDBs de médio-porte, isto é, "balaios de gatos" sem a menor coesão, heterogêneos, rachados em alas antagônicas.

Porém, um detalhe com o qual eu não havia atinado até hoje é o fato de que é muito mais provável que haja, em vez de fusões de legendas, uma migração massiva de políticos para os 4 partidos majoritários, principalmente para o PMDB, por razões históricas, uma vez que desde a sua criação, em 1966, o então MDB reunia políticos que, em sua grande maioria, tinham em comum apenas e tão-somente a luta contra a ditadura militar, cujo partido situacionista era a Aliança Renovadora Nacional, mais conhecida como Arena. O MDB sempre foi uma legenda "ecumênica" em termos ideológicos, pois lá dentro havia - e há - de tudo, isto é, políticos das mais diferentes linhas políticas e escolas ideológicas. Traduzindo o que estou falando para uma linguagem mais prática, quero dizer que o PMDB, desde os tempos do MDB, congrega políticos de todo o espectro ideológico, isto é, algo como admitir, nas suas fileiras, de Heloísa Helena a Enéas Carneiro.

Voltando ao cerne do artigo, a cláusula de barreira não vai, pelo menos a priori, matar partido algum, apesar de que, a posteriori, para os partidos menores que não se fundirem, ela representará não um fuzilamento, mas um tiro na barriga...

segunda-feira, outubro 02, 2006

O Estado de Minerva

Ao contrário do que os institutos de pesquisa alardeavam, haverá segundo turno na disputa eleitoral para a Presidência da República. Ao que me parece, eis que se manifestou mais uma vez o império da opinião publicada, aquele mesmo que ruiu quando da totalização dos votos relativos ao Referendo do Desarmamento, dando uma vitória acachapante ao Não em todos os Estados e no Distrito Federal.

Após a totalização dos votos para presidente em 25 Estados e no Distrito Federal, São Paulo foi o fiel da balança, ou, em outras palavras, o Estado de Minerva. O fato de São Paulo ser o Estado-chave das eleições presidenciais contribuiu para a confirmação do segundo turno. Para sorte do Brasil, Geraldo Alckmin saiu do Governo de São Paulo para concorrer à Presidência muito bem cotado pelo eleitorado paulista.

Não foram poucos os que disseram que Alckmin não conseguiria enfrentar a popularidade de Lula e levar a eleição presidencial para o segundo turno por ser famoso apenas no Estado de São Paulo, mas estes pessimistas não atinaram com o fato de que ser famoso apenas em São Paulo não é o mesmo que ser famoso apenas no Piauí, por exemplo. O Estado de São Paulo é, de longe, o maior colégio eleitoral do Brasil, com 28 milhões de eleitores, enquanto que o segundo maior, Minas Gerais, tem menos da metade, isto é, apenas 13 milhões de eleitores.

Assim como nas eleições presidenciais norte-americanas, em que a Flórida costuma ser o Estado de Minerva no Colégio Eleitoral, o Estado de São Paulo, cuja votação foi a última a ser totalizada, lançou um verdadeiro tsunami de votos pró-Geraldo, em oposição ao nordeste, em cujos 9 Estados Lula ganhou. Afinal, num país federativo, sempre haverá Estadões e Estadinhos, e sempre haverá Estados-chave que definirão os resultados eleitorais, como fiéis da balança nacional.

Sorte do Brasil que diante do impasse entre a reeleição e o segundo turno, São Paulo tenha sido o Estado de Minerva, encarregado de definir os rumos do País pelos próximos 4 anos. A partir de agora, se tudo der certo, Lula terá que enfrentar um verdadeiro triunvirato antilulista, composto por Geraldo Alckmin, Heloísa Helena e Cristóvam Buarque, uma frente ampla contra a reeleição do líder supremo do governo mais corrupto da história do Brasil, tanto republicana quanto imperial.

Antilulistas e antipetistas do Brasil, a sorte está lançada!

terça-feira, setembro 19, 2006

"O que a Lei não proíbe, ela permite"

Recentemente, eu estava relendo a Constituição dos Estados Unidos, que eu considero o melhor diploma legal da História, quando, ao reler o primeiro parágrafo da Emenda 18, que instituiu a Lei Seca, percebi que ela possuía uma brecha interpretativa. Ei-la:

Emenda 18

1. A partir de um ano depois da ratificação deste artigo, será proibida a manufatura, venda ou transporte de bebidas alcoólicas, assim como a sua importação ou exportação, nos Estados Unidos e em todos os territórios sujeitos à sua jurisdição.

Você conseguiu perceber qual é a brecha de que estou falando? Caso não tenha conseguido, eis a brecha: como você acabou de ler, esta emenda constitucional proibiu, durante anos, em todo o território dos Estados Unidos, a fabricação, a venda, o transporte, a importação e a exportação de bebidas alcoólicas. Porém, ela nada fala sobre o principal, isto é, o consumo de bebidas alcoólicas. Portanto, se eu tivesse vivido nos Estados Unidos no tempo de Lei Seca e tivesse sido preso e levado a julgamento sob a acusação de infringir a Emenda 18, eu alegaria inocência com base no simples argumento de que, na redação da emenda em questão, nada consta sobre o consumo de álcool. Assim sendo, segundo o princípio universal do Direito que afirma que o que a Lei não proíbe, ela permite, eu simplesmente não teria transgredido a Constituição em momento algum.

Para quem não sabe, a Constituição dos Estados Unidos é a menor Constituição do mundo. Ela é composta por 7 artigos e 23 emendas, emendas estas que foram 24 até a revogação da supracitada Emenda 18, mais conhecida pelo também supracitado apelido de Lei Seca. Ao todo, são 30 as leis constitucionais da Carta Magna mais simples, objetiva e eficiente da História, cuja única aresta foi devidamente aparada há várias décadas.

sábado, setembro 16, 2006

Médico é condenado à morte por mudar de idéia

O texto a seguir foi extraído de uma notícia que realmente abalou o mundo:

Abdul Rahamn, um médico afegão de 41 anos, enfrenta um processo no Tribunal de Cabul, capital afegã, por ter renunciado ao islã e se convertido ao cristianismo. De acordo com a Sharia, Abdul poderá ser condenado à morte.

O governo do Afeganistão está tentando encontrar uma saída política para o caso e admite-se que o médico possa vir a ser considerado inimputável por sofrer de doenças mentais.

Porém, qualquer que seja a decisão do tribunal, os líderes religiosos muçulmanos residentes em Cabul julgam que este cidadão deve ser decapitado.

Eis a minha opinião:

Realmente, peitar a Sharia é coisa de maluco!

Brincadeiras à parte, deve-se esclarecer que Sharia é o nome do código de costumes do islã, do qual emana todo o ordenamento jurídico dos Estados muçulmanos. Segundo a Sharia, o cidadão em questão cometeu o crime de apostasia, isto é, renúncia à religião que professava, tendo-se tornado, de acordo com o islã, um "infiel".

Porém, cabe salientar, também, que o cidadão cometeu, segundo a Sharia, algo que poderia ser tipificado como crime de "apostasia qualificada", pois além de ter renunciado ao islã, tornando-se, portanto, um "infiel", ele se converteu a outra religião, neste caso, o cristianismo. Usando de uma linguagem típica do direito militar, a título de analogia, pode-se dizer que perante a Sharia, este afegão, além de desertor, é traidor.

Este tipo de raciocínio e de atitude evidenciam o atraso civilizacional dos países muçulmanos, os quais, atualmente, matam apóstatas e demais "infiéis" a toque de caixa, esperneiam ad nauseam quando se deparam com charges ofensivas ao islã e/ou a Maomé, mas, paradoxalmente, calam diante dos atos terroristas perpetrados por irmãos de fé, atos estes muitas vezes ordenados e reverenciados por seus próprios líderes político-religiosos; tudo isso sob o manto sofismático e iconoclasta da Jihad, a guerra santa islâmica.

Pouca gente se lembra, mas há cerca de 3 anos, uma cidadã da Nigéria, país negro e muçulmano, foi condenada à morte pelo crime, previsto na mesma Sharia, de adultério, crime este pelo qual ela deveria ser apedrejada em praça pública. A cidadã só não foi executada graças à pressão de vários governos estrangeiros e de vários organismos internacionais empenhados em salvar a sua vida.

Este caso, bem como sua repercussão, tanto em termos de precedentes jurídicos quanto em termos práticos, foi uma prova cabal de que quando as ONGs e os demais grupos de defesa dos direitos humanos querem, eles ficam do lado certo.

segunda-feira, setembro 11, 2006

Os três homens que calaram o Maracanã

Poucas são as pessoas que dominam a arte de arrebatar as multidões, seja pelo verbo, seja pela atitude. Mesmo dentre as pessoas que têm por ofício apresentar-se freqüentemente diante de multidões, tais como os políticos, os palestrantes, os sacerdotes, os músicos, os cantores, os comunicadores, os atores etc., poucos são aqueles que possuem o dom de "dialogar" com as multidões e, portanto, comandá-las. Digo "dialogar" porque a grande maioria dos profissionais que mencionei acima não conseguem fazer com que suas platéias lhes dêem o devido feedback para que possa haver uma interação harmônica entre o emissor e seus receptores. Os mestres na arte do "diálogo" com as massas podem provocar nelas uma miríade de sentimentos e reações biológicas: alegria, tristeza, euforia, êxtase, risos, gargalhadas, vaias, lágrimas, ódio, paixão, nojo, inveja, rancor, ira, felicidade, tranqüilidade, paz-de-espírito, bem-estar etc., enquanto que aqueles que não sabem "dialogar" com as massas conseguem, no máximo, provocar dispersão (mental e/ou física), além, é claro, de sono, o qual, muitas vezes, pode ser constatado através de bocejos ou mesmo de roncos generalizados.

Porém, se você acha difícil agitar uma multidão, imagine calar uma. Imagine uma grande arena que tenha capacidade para abrigar milhares de espectadores. Um lugar em que, freqüentemente, são realizados espetáculos de massa extremamente emocionantes. A arena de que estou falando é o Maracanã, o maior estádio de futebol do mundo. Imagine-se fazendo qualquer tipo de performance perante todos aqueles milhares de pessoas. Qualquer coisa que você fizer durante sua apresentação pode arrancar ovações, risos ou vaias da multidão. Mas você consegue imaginar a façanha que seria calá-la? Você já parou para pensar em como deve ser difícil calar o Maracanã? Pois é. Realmente, trata-se de algo tão extraordinariamente difícil que apenas três homens conseguiram fazê-lo até hoje, em 56 anos de existência do estádio: Frank Sinatra, João Paulo II e Gigghia.

Em 2 de fevereiro de 1980, Frank Sinatra cantou no Maracanã. A multidão calou para ouvir A Voz.

João Paulo II, um dos maiores papas (senão o maior) de toda a história da Igreja Católica, calou o Maracanã duas vezes: em 1980, em sua primeira visita ao Brasil, e em 1997, em sua terceira e última visita ao País, ao consagrar, em ambas as ocasiões, a glória de Deus na grande arena da Cidade Maravilhosa.

Agora, você pode estar pensando: quem é o terceiro homem? Para quem não sabe, Gigghia foi o ponta-direita da seleção do Uruguai que, em 16 de julho de 1950, marcou o gol da vitória sobre o Brasil, então país-sede da Copa, aos 34 minutos do segundo tempo, numa bola mal-chutada, perto do gol, quase sem ângulo e que entrou, ao rés do chão, exatamente no minúsculo espaço que havia entre a mão esquerda do goleiro Barbosa e a trave.

Num lance confuso em que Gigghia fez menção de cruzar a bola para o atacante Schiaffino chutar e marcar mais um gol, como já havia acontecido minutos antes, quando Schiaffino empatou a partida, cujo placar havia sido inaugurado pelo brasileiro Friaça logo no início do segundo tempo, Gigghia se atrapalhou com a bola e acabou chutando a gol por acidente, convertendo seu arremate involuntário e fazendo 2X1 para o Uruguai, desempatando a partida, contra um Brasil que jogava pelo empate. Este chute despretensioso, um erro que virou gol, calou, numa fração de segundo, nada menos que duzentas mil pessoas, record de público do Maracanã e record mundial de público em toda a história do futebol.

Ademais, creio que a façanha de Gigghia foi ainda maior do que a de Sinatra e as do Papa, pois, afinal de contas, tanto Sinatra quanto o Papa eram o centro das atenções daquele microcosmo chamado Maracanã, enquanto que o gol de Gigghia, que deu a Copa de 50 ao Uruguai, foi algo absolutamente inesperado, pois Gigghia não era, até aquele lance, o centro das atenções do Maracanã, mas a partir daquela bola mal-chutada, numa fração de segundo do minuto 34 do segundo tempo da final da Copa, Gigghia tornou-se nosso carrasco, na nossa terra, na nossa arena máxima e no exato dia em que alcançaríamos a glória suprema da nossa pátria de chuteiras.

Enquanto A Voz e João de Deus calaram o Maracanã como Jesus Cristo, Gigghia calou o Maracanã como Pôncio Pilatos.

domingo, setembro 03, 2006

A ética de Macunaíma e o cristianismo torto de Apolinário

No início desta semana, assisti a parte do debate entre os candidatos ao governo de São Paulo, transmitido ao vivo pela TV Band. No terceiro bloco do debate, o mediador, Fernando Vieira de Mello, explicou aos debatedores que aquele seria o bloco em que os candidatos fariam perguntas uns aos outros. Quando chegou a vez de Plínio de Arruda Sampaio, candidato a governador pelo PSOL (Partido Socialismo e Liberdade), escolher a quem dirigiria sua pergunta, ele decidiu perguntar a Carlos Apolinário, candidato pelo PDT (Partido Democrático Trabalhista), qual seria a sua plataforma de governo na área econômica. Apolinário respondeu: Esta continuação do modelo neoliberal pelo Governo Lula está aumentando o abismo social entre ricos e pobres no Brasil como um todo, inclusive no Estado de São Paulo. Basta tomarmos como exemplo os lucros-recordes dos bancos nos dias de hoje: enquanto os banqueiros ficam cada dia mais ricos, mais cidadãos brasileiros despencam da linha da pobreza, tornando-se cada vez mais miseráveis. Porém, convém esclarecer que a solução para o triunfo do combate às desigualdades não é, em hipótese alguma, aumentar a carga tributária, pois ela já está pesada demais, e sim tomar dinheiro dos bancos". Ao ouvir esta declaração, desliguei a televisão, deitei-me no sofá em que estava sentado e pus-me a pensar não no que ele disse, e sim no que ele quis dizer.

Antes da minha análise, cabe um lembrete: Apolinário é pastor evangélico. Chamo-o de evangélico porque chamá-lo de protestante seria uma heresia, uma ofensa ao verdadeiro protestantismo, uma vez que as igrejas evangélicas que se proliferam no Brasil há mais de década, salvo raríssimas exceções, não têm quase nada a ver, em termos doutrinários, com o tradicional protestantismo euro-americano, fundado sob os princípios da moral capitalista, responsável pelo sucesso de nações como os Estados Unidos, que são o melhor exemplo de como a ética protestante (e não evangélica) e o espírito do capitalismo têm tudo a ver.

Traduzindo o que estou querendo dizer para uma linguagem mais simples e mais objetiva, o que, afinal, quis dizer Apolinário? Antes de responder a esta pergunta, analisemos a idéia de "tomar dinheiro dos bancos": os lucros dos bancos são propriedade de seus donos e acionistas, e de mais ninguém. Assim sendo, tomar seus lucros seria apropriar-se indevidamente de sua propriedade, isto é, roubar.

Estou acusando um sacerdote de ser ladrão? Sim, pois quem rouba é ladrão, nem mais nem menos; pouco importa se se trata de um sacerdote. Ele é um homem como outro qualquer, com os mesmos direitos e deveres. Porém, o fato de Apolinário ser sacerdote é um agravante do crime de roubo, afinal, ele está dando um péssimo exemplo ao seu rebanho. Em outras palavras, ele está pecando perante Deus e delinqüindo perante os homens. Ele delinqüe perante os homens ao pregar o crime de roubo, e peca perante Deus por sentir - e pregar - o pecado capital da inveja. Portanto, ele é duplamente, ou melhor, triplamente criminoso, pois está delinqüindo e pecando em pensamento, em verbo e, se eleito for, delinqüirá e pecará em ação.

O que diria Max Weber se observasse o avanço do evangelismo, isto é, do cristianismo macunaímico, no Brasil? Certamente, ele escreveria um livro chamado A ética de Macunaíma e o espírito do evangelismo. O que faria Martinho Lutero, líder da Reforma Protestante, se tomasse conhecimento do que se passa com o pseudo-protestantismo que campeia no Brasil de hoje? Certamente, ele faria vistas grossas aos crimes da Igreja Católica de então e continuaria conduzindo sua diocese como se nada estivesse acontecendo; isso sem falar nas 95 Teses, que ele certamente queimaria de desgosto ao ver que sua reforma seria em vão.

E para finalizar, o que falar de Jesus Cristo, então? Se ele voltasse à Terra e ouvisse a retórica sofismática e delinqüente de Apolinário, certamente diria a todos os cristãos do mundo: "Eu não sou cristão!"

domingo, agosto 06, 2006

O auto-engano a serviço do anti-americanismo

Há dois anos atrás, fiz um curso de Flash para websites na escola de informática Tecnoponta, uma escola razoavelmente conhecida aqui em Santos. Era um curso rápido, de 7 aulas noturnas. Num primeiro momento, fui ingênuo o suficiente para pensar que não havia escpécimes da esquizofrenia ideológica latino-americana naquela sala de aula. Ledo engano. Qual não foi a minha surpresa ao constatar que a burrice militante começava pelo próprio professor?

Explico: no início da primeira aula do curso, o professor perguntou aos alunos se alguém de nós conhecia algum site com boas animações em Flash. Não hesitei em levantar a mão e pedir ao professor para que ele acessasse o site www.jibjab.com, de propriedade de uma dupla de humoristas americanos que têm como principal assunto de suas charges animadas a política. Uma vez dentro do site, pedi para o professor, que tinha um computador conectado a um telão ao lado da lousa, para que ele clicasse na animação This Land, um número musical estrelado pelos bonecos de George W. Bush e John Kerry no qual foi abordada, ao som de uma bela trilha sonora country, a disputa eleitoral pela presidência americana, no ano em que Bush foi reeleito. A animação, de cerca de 5 minutos de duração, era falada em inglês, of course, e sem legendas, o que fez com que, provavelmente, ninguém exceto eu tenha entendido as falas do desenho. Quando o desenho acabou e o site voltou automaticamente para sua página inicial, o professor, com cara de derrière por não ter conseguido entender xongas do que se falava, disse: Esse vídeo não tem a menor graça! Bem, confesso que se estivesse no lugar dele, mui provalvemente pensaria a mesma coisa a respeito de um número artístico que eu não entendi por razões lingüísticas.

Porém, o "melhor" ainda estava por vir! Logo após sair do site em questão e voltar para a tela do software de elaboração de animações em Flash, eis que o professor me solta a seguinte pérola: Você deveria estar entrando no mercado trabalho há 20 anos atrás! Fiz questão de perguntar porquê para ver até onde sua burrice militante tinha danificado seu cérebro, e constatei que o nível de degeneração cognitiva do professor é terminal. Disse ele: Você deveria estar entrando no mercado de trabalho há 20 anos atrás porque, naquela época, o Brasil era muito americanizado, enquanto que hoje em dia, devido à consolidação do anti-americanismo, o inglês não tem quase mais importância alguma, e outros idiomas, tais como o espanhol, o italiano, o francês etc., estão sendo muito mais valorizados! Após estas declarações estapafúrdias, o professor começou a aula de fato, tropeçando em cada termo em inglês da interface do software, problema que ele "resolvia" com a dedução, o que fazia com que, muitas das vezes, o computador excutasse comandos que não tinham nada a ver com as vontades do egrégio propedeuta.

Após o fim daquela aula, a caminho de casa, pensei: Em que planeta esse cara vive? O inglês não tem mais importância nenhuma? Depois de muito refletir a respeito, elaborei a seguinte análise para tentar explicar o fenômeno que tinha acabado de presenciar: o professor em questão, um anti-americano doentio, sentiu-se envergonhadinho diante do apartheid lingüístico com o qual se deparou quando da exibição da animação. Então, ele, usando de um mecanismo de defesa infantil, criou para si - e tentou vender aos alunos - uma falsa realidade de um mundo que não existe, isto é, um mundo em que a língua inglesa é absolutamente insignificante. A convicção com que ele argumentou denuncia um típico caso de auto-engano, em que o mentiroso acredita piamente na sua própria mentira, tornando-se refém dos piores sentimentos da natureza humana, neste caso específico, a inveja, o ódio e o complexo de inferioridade. Além de tudo isso, cabem alguns questionamentos lógicos: a língua predominante da internet - e da informática como um todo - é o inglês, mas o professor se recusa a aprendê-la, o que faria com que ele não perdesse tempo tentando decifrar cada termo em inglês dos programas de computador sobre os quais ele leciona. Por que tanto masoquismo? Além disso, todos os grandes sistemas operacionais - Windows, Linux, Apple e Macintosh - são americanos. Se ele fosse minimamente coerente, não usaria nenhum destes softwares, limitando-se à maravilhosa máquina de escrever, ou, quem sabe, ao computador a lenha...

Para completar o imbroglio, um colega de classe, sindicalista da Codesp, contou suas experiências quando em visita aos Estados Unidos, mais especificamente à Flórida, em que ele e sua família visitaram a Disney, comeram do bom e do melhor, fizeram compras etc. Mas tem uma coisa..., disse ele: Americano bom é americano morto!

Interessante... Se os 280 milhões de cidadãos americanos são bons desde que mortos, por que cargas d´água ele viajou justamente para lá? Por que ele gastou seu dinheiro justamente lá nos States? Talvez porque seu dinheiro não seja exatamente seu, e sim resultado do suor da testa alheia, uma vez que os sindicatos obrigam os seus representados a os sustentarem. Aliás, financiar seu masoquismo com o dinheiro dos outros é fácil!

Eis o paradoxo dos anti-americanos: adoram praticar a auto-flagelação mental em público e, como se não bastasse, cospem no prato em que comem, após encherem suas panças de Big Mac e tomarem litros Coca-Cola... em copo americano, of course!

terça-feira, agosto 01, 2006

A ignorância funcional de Datena

Milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza. 40% dos brasileiros não sabem ler nem escrever, e tal porcentagem se agiganta quando deixamos de lado o critério boçal do IBGE, que considera alfabetizado o cidadão que consegue, mal e porcamente, escrevinhar apenas e tão somente seu próprio nome. Ademais, 70% dos brasileiros não têm saneamento básico em suas residências, o que significa, trocando em miúdos, que 70% dos nossos compatriotas até têm um teto, mas não têm um vaso sanitário para defecar condignamente, sendo obrigados a defecar no quintal de casa ou numa latrina. O que dizer, então, do desfalque educacional que a grande maioria dos brasileiros sofre? A estes, é perfeitamente perdoável a ignorância, seja ela inútil ou funcional. Porém, o que dizer daqueles que sabem ler e escrever de fato, têm pelo menos uma privada em casa e possuem escolaridade acima da média nacional, tendo tido a oportunidade de cursar uma ou mais faculdades?

No Brasil de hoje, fala-se em educação como uma verdadeira panacéia para os problemas brasileiros. Entretanto, devemos nos perguntar de que educação estamos falando: da mera instrução profissional ou da formação cultural, política e, principalmente, ideológica dos cidadãos?

Um "bom" exemplo desta pseudo-elite intelectual é o "jornalista" José Luiz Datena. Coloquei as aspas no seu título porque apesar de ele ser bacharel em jornalismo e atuar como jornalista, está muito mais para um fanfarrão do que qualquer outra coisa. Lembro-me, como se fosse ontem, das conversas entre jornalistas e representantes do sistema policial paulista quando do apogeu da crise da segurança pública no Estado, causada pela hegemonia e pela eficiência operacional do PCC, quando, de repente, Datena, um lulista patológico, me solta a seguinte "pérola", a respeito da conduta que o Estado brasileiro deveria ter em relação ao crime organizado: "Eu sempre votei no Lula - e continuarei votando, mas uma coisa é certa: Lula está com receio de intervir em São Paulo e parecer autoritário. Trata-se de um governo de esquerda que não quer tomar uma atitude que seria de direita!" Quando ouvi isso, pensei: Ora, bolas! Se ser duro com os criminosos é ser de direita, então, sejamos todos direitistas o quanto antes, a começar pelo presidente da República!

Tal raciocínio capenga, de um repórter esportivo que caiu de pára-quedas na crônica policial, revela sua idiotia e seu bloqueio cognitivo em relação àquilo que ele entende por direita: uma vez que ele é lulista e se considera um esquerdista, mas, ao mesmo tempo, acha que só a "direita" conseguiria derrotar o crime organizado, ele jamais vai defender o rigor policial, por crer piamente que tal atitude seria uma traição ao seu esquerdismo militante.

sábado, julho 29, 2006

Insight

Publicado originalmente em 21 de setembro do ano passado:

Hoje, meu amigo Josino Moraes me enviou um e-mail com o seguinte insight: "A sociedade comercial perfeita é aquela feita entre dois portugueses: um rouba o outro e ambos põem o dinheiro na conta conjunta".

O uso correto das algemas

Publicado originalmente em 12 de setembro do ano passado:

O recente caso da prisão de Paulo Maluf e de seu filho, Flávio Maluf, na sede da Polícia Federal de São Paulo, no bairro paulistano da Lapa, reacendeu a discussão sobre o uso correto das algemas quando da prisão de um indivíduo. Ocorre que o uso de algemas é autorizado quando o indivíduo sob custódia da polícia oferece algum tipo de perigo, no sentido de poder estar portando alguma arma ou de poder fugir ou agredir os policiais etc. Como ainda não existe nenhuma lei que regulamente seu uso, o mesmo fica por conta do discernimento da autoridade policial.

Em 9 de setembro deste ano, quando Flávio Maluf se apresentou voluntariamente na sede da PF paulista, houve momentos de um certo constrangimento, quando Flávio, diante da imprensa, foi algemado pelos agentes da Polícia Federal. Dizendo repetidamente a frase: “Não foi isso que a gente combinou!” aos agentes, Flávio foi algemado por um deles sob o pretexto de que “Este é o procedimento-padrão da PF”. Mas aí, eu pergunto: como que uma corporação policial pode ter um procedimento-padrão que ainda não foi sequer regulamentado?

A única jurisprudência sobre essa matéria existente no Brasil foi elaborada pelo Departamento de Aviação Civil (DAC), que diz que o piloto, isto é, o comandante da tripulação pode mandar algemar um indivíduo que esteja causando qualquer tipo de perturbação que ameace a segurança do vôo. Portanto, devido aos caprichos do ordenamento jurídico brasileiro, não existe nenhuma regulamentação que contemple situação semelhante nos ônibus de viagem, em embarcações etc.

sexta-feira, julho 28, 2006

O federalismo e o Estado de Direito

Em nenhum país encontra-se uma organização legislativa e jurisprudencial melhor do que nos Estados Unidos. Graças ao federalismo e aos fundamentos liberais do Estado americano, os Estados e os municípios gozam de amplíssima autonomia para legislar sobre matérias de direito civil, penal, trabalhista, eleitoral, constitucional etc. Isto faz com que os EUA sejam o supra-sumo do Estado de Direito. Outra característica interessante do direito americano é o caráter consuetudinário de sua estrutura. Lá, as leis são posteriores à evolução dos usos e costumes do povo, ao passo que no Brasil, acontece justamente o inverso, isto é, as leis são elaboradas e o povo é obrigado a se adaptar a elas. Herança ibérica? Muito provavelmente!

Além disso, a Suprema Corte dos Estados Unidos possui o assim chamado poder discricionário, isto é, seus juízes escolhem quais casos julgar e descartam os casos considerados infra-constitucionais, uma realidade bem diferente do direito brasileiro, em que casos como brigas de cachorros vão parar no Supremo Tribunal Federal (STF) e os ministros (juízes) são obrigados a apreciá-los, como o recente caso da cadela “Pretinha”, ocorrido numa cidadezinha do interior de Minas Gerais.

Outro aspecto interessante do direito americano é a maravilhosa diversidade de legislações, em quase todas as áreas, de um Estado para o outro, inclusive na área penal, caracterizada pela adoção, em alguns Estados e em outros não, da pena de morte, da prisão perpétua, da eutanásia, do aborto, de trabalhos forçados, de penas alternativas, muitas delas literalmente inventadas pelos juízes etc. Já no nosso caso, o Brasil é conhecido pela sua própria gente como um país de leis que "pegam” e leis que "não pegam”, justamente por causa do caráter unitário da organização jurídica do Estado brasileiro, em todas as áreas, o qual não combina com um país multicultural e de dimensões territoriais continentais. Nós só usamos, na prática, uma Constituição, a Federal, e só possuímos um Código Civil, um Código Penal, um Código de Trânsito, um Código Trabalhista, um Código Eleitoral, um Estatuto para Menores de Idade (o ECA) etc.; tudo isso para um país que se diz federativo!

Ademais, outra característica irrepreensível da jurisprudência americana é a ausência quase total de impunidade, uma vez que cada Estado julga os seus casos, o que agiliza o Poder Judiciário, de acordo com a concepção de crimes estaduais, deixando apenas os crimes considerados federais para a Suprema Corte julgar.

Além disso, todos os Estados americanos têm o seu Senado Estadual, cujos senadores, eleitos para representar os condados, legislam sobre questões macro-estaduais, algo bem diferente do Brasil, cujas Assembléias Legislativas Estaduais são parlamentos unicamerais e, na prática, inúteis, pois todo o ordenamento jurídico dos Estados e até mesmo dos municípios está amarrado ao Congresso Nacional.

Em países realmente federativos, como deveria ser o nosso caso, o Estado de Direito se faz em cada Estado, com a devida concordância das populações diretamente afetadas. Isso sim é que é democracia liberal, e não se pode usar a desculpa de que o Estado brasileiro não é federativo nem liberal porque o Brasil é um Estado de Direito Romano, cuja preponderância é da especificação legal, pois países como Suíça e Alemanha também são Estados de Direito Romano e possuem uma estrutura legislativa e jurisprudencial federativa e consuetudinária, semelhante aos Estados Unidos, que são um Estado de Direito Anglo-Saxônico, cuja prevalência é da interpretação à luz dos usos e costumes.

O Brasil tem partidos demais? Sim e não!

Qualquer pessoa que visite o site do Tribunal Superior Eleitoral (www.tse.gov.br) e não conheça a fundo o bizarro sistema partidário brasileiro pode acabar pensando que o Brasil tem partidos políticos demais. Por outro lado, quem visitar os sites da Câmara dos Deputados (www.camara.gov.br) e do Senado (www.senado.gov.br) e procurar pelos partidos lá representados poderá constatar que, dos 29, apenas 13 estão presentes. Isto significa que, na prática, apenas 13 partidos são realmente nacionais. Os outros, na prática, são regionais. Porém, deve-se entender que não existem muitos partidos no Brasil. Na verdade, existem muitos partidos no Congresso Nacional. Tal afirmação, que, a priori, pode parecer algo absolutamente sem sentido, reflete os fundamentos do pluripartidarismo livre, praticado em países como a Alemanha. Lá, os partidos que não atingem uma determinada porcentagem de votos nacionais perdem o direito de ter cadeiras no parlamento nacional, ficando autorizados a eleger representantes apenas nos parlamentos regionais e locais. Assim sendo, os partidos que não possuem representatividade nacional mínima não têm a prerrogativa de participar dos processos decisórios da nação como um todo.

No Brasil, o debate sobre a cláusula de barreira está sendo conduzido de maneira extremamente tendenciosa. Os líderes dos partidos "nanicos" alegam que não são culpados pelo vazio ideológico dos partidos brasileiros e que o impedimento de suas presenças no Congresso Nacional é um atentado à democracia e não vai resolver o grave problema da infidelidade partidária. Em parte, eles têm razão, pois o que define o teor de um partido não é o seu tamanho, mas a sua solidez doutrinária. No entanto, é fato que o excesso de partidos no parlamento brasileiro atrapalha demais o processo de tramitação e discussão dos projetos de lei, pois o governo e a oposição acabam ficando diluídos em muitas agremiações, cada uma com os seus vieses e tendências, o que causa um esvaziamento ideológico do processo legislativo, dando lugar a um jogo asqueroso de coligações interesseiras e vazias de conteúdo ideológico.

Por fim, cabe salientar que uma cláusula de barreira de 5% já seria um bom começo para manter no Congresso apenas os partidos realmente nacionais e expulsar de lá as legendas minoritárias, que não representam a sociedade brasileira como um todo e que precisam ser colocadas no seu devido lugar: o de agremiações que, por não serem verdadeiramente nacionais, precisam urgentemente ser relegadas a um segundo plano partidário, representando apenas os interesses de populações específicas nos seus respectivos parlamentos regionais e locais, e não mais atravancando o processo legislativo nacional.

Suástica e foice-e-martelo: dois pesos e duas medidas

Publicado originalmente em 8 de fevereiro:

No ano passado, eu estava fazendo uma pesquisa na internet sobre racismo e xenofobia para um trabalho da minha faculdade quando, de repente, deparei-me com uma lei federal que proíbe a divulgação e o uso da cruz suástica, o símbolo máximo do nazismo, em todo o território brasileiro. As sensações que se seguiram a esta descoberta foram um misto de estupefação e ira, devido ao sistema de dois pesos e duas medidas usado pelos legisladores brasileiros. Logo, pensei em duas coisas:

1- Cadê a liberdade de expressão?

2- Já que a suástica é proibida, por que nossos egrégios parlamentares também não proíbem a foice-e-martelo, símbolo máximo do socialismo?

Quanto à primeira pergunta, respondo dizendo que não sou nazista, mas acho que um país como o Brasil, que se diz democrático, não pode proibir as pessoas de usarem símbolos de uma ideologia, de uma religião ou mesmo de um partido político, mesmo que este já tenha sido extinto em seu próprio país natal, a Alemanha, há mais de 50 anos. Aliás, convém esclarecer que em países verdadeiramente democráticos, como, por exemplo, os Estados Unidos, um país infelizmente pouco admirado por aqui, existe o Partido Nazista, oficialmente reconhecido pela justiça daquele país e cujos membros podem usar seus símbolos, dentre eles a cruz suástica, em praça pública, sem serem importunados pelas autoridades. Porém, cabe salientar que as autoridades americanas se preocupam, isso sim, com as atitudes dos partidários desses movimentos e partidos, e punem exemplarmente aqueles que se excedem e cometem crimes em nome destas organizações e de suas respectivas doutrinas.

Quanto à segunda pergunta, respondo dizendo que defendo a liberdade de expressão, por ser um direito natural do indivíduo. Porém, se a suástica é proibida no Brasil, por que a lei brasileira não execra também a foice-e-martelo, símbolo máximo do socialismo? Este é um caso típico do uso de dois pesos e duas medidas por parte do ordenamento jurídico nacional. Aliás, vou mais longe: por que não se proíbe o uso de roupas e acessórios estampados com a imagem do terrorista assassino Che Guevara? Às vezes, quando vejo um cidadão usando uma camiseta com a efígie daquele diabo, me pergunto se não caberia impetrar uma ação judicial por incitação à violência e/ou ao crime. Sempre que digo isso, algum desinformado me pergunta: "Como assim?", ao que prontamente lhe pergunto: "Você andaria na rua com uma camiseta estampada com a foto de alguém como Marcola?" A desinformação é tanta que muita gente considera Che Guevara um santo, literalmente, e alguns até o adoram como tal.

A ditadura ideológica do "politicamente correto" fez e faz com que o nazi-fascismo seja automaticamente abominado pelas massas, enquanto que o socialismo não recebe o mesmo tratamento - muito pelo contrário, aliás, principalmente na grande mídia, nas escolas e universidades, nas igrejas e no meio artístico.

Por fim, é urgentemente necessário que todos despertemos para a realidade de que o socialismo é uma teoria que não funciona nem na teoria, uma vez que, para citar apenas um exemplo da paralaxe cognitiva que constitui a teoria comunista, Marx disse que só o proletariado entenderia suas teses de revolução social, mas ele nunca foi operário nem campesino. Como, então, é possível que ele, um burguês, entendesse o que escrevia, posto que, segundo ele, só os proletários entenderiam suas teses? Abaixo a foice e o martelo, que o próprio Marx nunca empunhou!

O regime partidário brasileiro e a desinformação da nossa pseudo-elite acadêmica

Publicado originalmente em 27 de janeiro:

Há 2 anos atrás, eu estava conversando com um advogado recém-formado sobre o regime partidário brasileiro quando ele me disse que o Brasil tem partidos demais. Eu lhe disse que não existem muitos partidos no Brasil, e sim no Congresso Nacional, e que ele, como advogado, deveria saber que são muitos os países que possuem muitos partidos, pois o pluripartidarismo é uma constante inclusive no primeiro mundo, até nos Estados Unidos, onde, apesar do que muitos pensam, não existem apenas os partidos Democrata e Republicano, e sim 124 partidos de abrangência nacional, fora os partidos regionais, estaduais e locais. O egrégio causídico também não sabia desse detalhe sobre o regime partidário americano, que a grande maioria das pessoas julga ser bipartidário.

O que acontece é que nos países em que o verdadeiro pluripartidarismo vigora, inclusive nos Estados Unidos, os partidos que não têm representatividade suficiente a nível nacional não podem eleger candidatos para o parlamento nacional, ficando restritos aos níveis regional, estadual ou somente local. Os Estados Unidos só têm 2 partidos no Congresso Nacional, e países como Alemanha, Canadá e França têm apenas 4 ou 5 cada. Poder-se-ia dizer que tais países não são democracias avançadas?

Já no Brasil, qualquer partido, tenha ele o mínimo de representatividade a nível nacional ou não, pode se lançar ao Congresso Nacional, fazendo com que este fique repleto de legendas de aluguel, agremiações ideologicamente nulas que em nada representam a maioria do povo brasileiro. Tal pandemônio partidário poderá ser ao menos amenizado com a adesão da cláusula de barreira, que os 4 maiores partidos do Brasil, PT, PMDB, PSDB e PFL, querem que seja de 5%, o que siginifica que os partidos que não atingirem 5% de votos a nível nacional não poderão lançar candidatos ao Congresso Nacional, ficando a eles reservado o direito de eleger candidatos apenas para os parlamentos estaduais e municipais.

Depois de toda essa laboriosa explicação que dei ao advogado, ele me disse que era contra o pluripartidarismo, após o que lhe perguntei: "Mas então, você é a favor do bipartidarismo, certo?", ao que ele me respondeu: "Não! Sou a favor de termos apenas um partido no Brasil!". Fiquei estarrecido, e lhe disse: "Mas isso seria uma ditadura!", e ele me respondeu: "Pois é isso mesmo que eu quero! Não quero nem 2 nem vários partidos! Chega disso tudo!"

Moral da história: eis mais um brasileiro que não sabe o que quer! Quando, durante a ditadura militar, nós tínhamos um bipartidarismo forçado, com uma disputa desigual entre ARENA e MDB, o povo clamava pelo pluripartidarismo. Agora que o temos, o povo reclama que há partidos demais e clama pela volta do bipartidarismo. E pior: existem até aqueles que, por pertencerem a uma pseudo-elite intelectual, como é o caso deste egrégio causídico, querem o unipartidarismo, o que, automaticamente, significaria mais uma ditadura! Com um advogado como esse, quem precisa do exame da OAB?

Datena e o Tolerância Zero

Publicado originalmente em 26 de janeiro:

Há uns 2 anos atrás, eu estava assistindo a um programa da TV Band no qual o jornalista José Luís Datena estava sendo entrevistado quando, de repente, Datena, ao falar sobre como os americanos lidam com a segurança pública, vociferou a seguinte asneira: "O famoso ´esquema´ Tolerância Zero, implantado pela polícia de Nova York, não passa de uma estratégia arquitetada pelas autoridades nova-iorquinas para matar negros, latino-americanos e sem-teto!" Datena, além de muito mal-informado, saiu do jornalismo esportivo e caiu de pára-quedas no jornalismo policial, uma seara que certamente não é a dele.

De segunda a sexta, o SBT mostra, no seu jornal noturno, o verdadeiro projeto Tolerância Zero. Nada de matança de minorias. Há negros sendo presos? Sim. Há latino-americanos sendo presos? Sim. Há sem-teto sendo presos? Sim. Mas também há brancos sendo presos e mandados para a cadeia, com todos os rigores das leis do Estado de Nova York. Em suma: aparece gente de todo tipo nos programetes do Tolerância Zero, exibidos pelo SBT. Sílvio Santos está de parabéns por mostrar o dia-a-dia nos países em que a tolerância é zero!

Sílvio Santos é um vencedor, um empresário de sucesso que mora meio mês em São Paulo, meio mês em Miami e que, portanto, sabe muito bem do que está fazendo quando mostra programas como o quadro "Tolerância Zero". O grande problema do Brasil é que com uma mídia como a nossa, como querer que os nossos governantes implantem projetos de segurança pública semelhantes ao Tolerância Zero, capitaneado pelo ex-prefeito Rudolph Giuliani, se toda e qualquer ação policial no Brasil é logo rotulada como truculenta? O povo brasileiro reclama da impunidade, mas, a bem da verdade, não sabe o que quer. Quando os policiais brasileiros cumprem seu dever, logo vêm os defensores dos direitos humanos e fazem um baita lobby para que eles "aliviem". E é o povo quem sempre "paga o pato", para a alegria dos bandidos e dos supracitados "ativistas", que são, por excelência, os inimigos pessoais dos policiais. O sr. Datena pode dormir tranqüilo! O Tolerância Zero nunca será implantado por estas plagas! Enquanto houver jornalistas brasileiros desinformados e anti-americanos como ele, os bandidos certamente continuarão "dando as cartas" por aqui!

O medo da ALCA e o anti-americanismo

Publicado originalmente em 26 de janeiro:

Certa vez, eu estava conversando com um colega meu de faculdade sobre a possibilidade de o Brasil ingressar na ALCA, apresentando-lhe argumentos que mostram que nós brasileiros só teríamos a ganhar, quando, de repente, ele começou a bradar argumentos absolutamente emocionais como, por exemplo: "Mas os americanos são arrogantes!" e "O Brasil não pode se curvar aos Estados Unidos!", como se a ALCA fosse comandada pelos americanos, quando, na verdade, quem entende o mínimo de liberalismo (certamente não é o caso deste meu colega) sabe perfeitamente que numa área de livre-comércio, não há comandantes nem comandados, mas apenas parceiros e competidores francos.

Depois de uns 5 minutos de debate, eis que meu colega profere a seguinte pérola, nitidamente eivada de anti-americanismo patológico: "Nós temos que fazer negócios não com os Estados Unidos, mas com a China! Você vai ver! Daqui a 30 anos, a China vai mandar no mundo, e o Brasil vai ser um grande sócio do crescimento econômico promovido por ela!" Esse meu colega é contra o suposto "imperialismo ianque", mas se o imperialismo for chinês, tudo bem. Aí pode.

Enfim, de tudo isso, meu colega só se esqueceu de um detalhe, importantíssimo, por sinal: quem disse que o Brasil pode esperar 30 anos para crescer?

O paradoxo do social-carolismo

Publicado originalmente em 20 de janeiro:

É extremamente lamentável, apesar de absolutamente compreensível, a penetração do pensamento comunista não apenas nas universidades, mas também nas escolas brasileiras. Digo isto com conhecimento de causa, pois cursei meu ensino médio num colégio que, apesar de não ter vinculação direta com a Igreja Católica, não era de todo laico, pois leva o nome de um papa e seu dono é um católico fervoroso. Perto da secretaria e da sala dos professores, havia um pequeno altar com imagens de santos e um crucifixo com a imagem de Jesus Cristo nele pregado. Inclusive, havia um professor que, quando abordava os malditos "temas transversais", um projeto da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo que permite que professores fracos em suas matérias se destaquem falando asneiras sobre assuntos que não têm absolutamente nada a ver com as matérias que lecionam, abordava questões de cunho religioso ad nauseam. Lembro-me de uma professora de história, com "H" minúsculo mesmo, que empreendia ferozes e periódicos ataques à Igreja Universal do Reino de Deus, do bispo Edir Macedo, sem nem se importar se havia algum fiel na sala de aula. Não sou fiel da Igreja Universal, mas sempre achei o fim da picada que os professores criticassem abertamente esta ou aquela instituição religiosa sem ponderar prós e contras e fazendo acusações levianas sem base em prova alguma. Lembro-me que minha professora de biologia se dizia kardecista, mas era petista. Como pode alguém adorar a Deus e ao Estado ao mesmo tempo?

Certa vez, durante uma aula, minha professora de português desviou-se totalmente da pauta do dia e começou a divagar sobre questões religiosas. Num dado momento, eis que ela proferiu a seguinte pérola: "Eu concordo plenamente com Karl Marx quando ele diz que ´a religião é o ópio do povo´, pois o fanatismo religioso pode levar as pessoas a fazer coisas terríveis, como, por exemplo, matar em nome de Deus". Hoje, anos depois de ter ouvido esta frase, concluí que minha professora relativizou descaradamente esta nefasta máxima marxista, pois Marx claramente não se refere ao fanatismo religioso, como disse minha professora, mas à religião em si. Marx era um anti-religioso e pregava a adoração ao deus-Estado. Tal relativismo moral abre caminho para uma série de atos de desonestidade intelectual, como a comunização dos mais diversos setores da sociedade, dentre eles quatro principais: a mídia, as escolas (desde o jardim-de-infância até a universidade), o meio artístico e as igrejas.

Antonio Gramsci, intelectual e ideólogo marxista, verdadeiro gênio do mal, autor dos famigerados "Cadernos do cárcere", dizia que o aparelhamento do Estado é uma mera conseqüencia do aparelhamento das demais esferas de poder da sociedade, dentre estas aquelas quatro supracitadas. A estratégia gramsciana é um mix de doutrinação subliminar e relativismo moral, combinados de maneira simbiótica com vistas à tomada do poder de Estado e do totalitarismo do pensamento único.

Por falar em pensamento único, lembro-me também que quando cursei o ensino médio, até meus professores de inglês eram anti-americanos, e até minha professora de biologia era uma verdadeira traficante de influência a serviço do comuno-petismo. Com uma base escolar como essa, não é difícil entender porque os partidos e demais organizações de esquerda têm tantos seguidores jovens, às vezes até pré-adolescentes. Como exemplo de doutrinação gramsciana precoce, um conhecido meu certa vez me relatou que as professoras primárias de um tradicional colégio católico da cidade de São Paulo, no qual sua filha estudava, levavam seus alunos de 7, 8 anos para fazer visitas periódicas a acampamentos do MST! Nos dias dos "passeios", ele proibia sua filha, então com 8 anos, de ir à escola. Na reunião de pais e mestres, ele, irado com o discurso socialista das professoras, discutiu rispidamente com a professora de sua filha, dizendo-lhe: "Por que vocês não visitam asilos, hospitais ou instituições de caridade? Vão às Casas André Luiz! Vão à Sociedade Pestalozzi! Vão à AACD! Mas não vão ao MST!" A professora de sua filha retrucou dizendo que ela havia faltado a todas as "excursões" ao tal "movimento social", e que se ela continuasse faltando, ela teria que reprovar sua filha por excesso de faltas. Então, ele disse: "Minha filha leva bomba mas não vai visitar MST nenhum! E tem mais: se você e as suas colegas continuarem fazendo propaganda socialista para crianças indefesas de 7, 8 anos, eu vou processar a escola!" Os outros pais ficaram horrorizados, olhando para ele como se ele fosse um monstro, quando, na verdade, monstros são essas "professorinhas", agentes de influência a serviço da CNBB de Geraldo Majella e D. Paulo Evaristo Arns! A pedofilia intelectual é apenas uma das estratégias de dominação socialista das mentes jovens e infantis.

Certa vez, Lair Ribeiro estava num programa de TV quando disse que o Ministério da Educação deveria acrescentar aulas de educação financeira ao programa das escolas de primeiro e segundo grau, para que os futuros chefes-de-família soubessem administrar o dinheiro e enriquecer. Infelizmente, as escolas brasileiras jamais incluirão tal matéria no currículo escolar, devido à legião de professores comuno-petistas, tanto nas escolas laicas quanto nas escolas religiosas, principalmente as católicas, pois a grande maioria dos sacerdotes do Clero brasileiro pertencem à ala mais esquerdista da Igreja Católica, mais conhecida como Partido da Justiça Social.

Eis o paradoxo dos social-carolas: adoram a Deus e ao Estado ao mesmo tempo, professando e pregando uma fé falsa, boçal e contraditória, que intoxica e envenena as mentes de milhões de pessoas, principalmente na América Latina, devido à hegemonia da Teologia da Libertação.

quinta-feira, junho 01, 2006

A redução da maioridade penal e a sofismática do determinismo social

Há alguns dias, eu estava assistindo a um programa da TV Câmara em que se falava sobre segurança pública e questões correlatas quando uma socióloga (tinha que ser!) disse que antes de o Brasil reduzir a maioridade penal, o governo e a sociedade civil deveriam refletir a respeito de em que país estamos, pois, segundo ela, muitos menores infratores assaltam, traficam e cometem outros crimes ainda mais graves para fazer uma espécie de "complementação de renda" no orçamento de seus lares.

De acordo com esse raciocínio, um menor infrator só deve ser imputado se for da classe média para cima, afinal, o menor infrator pobre "faz isso por necessidade". Logo, ainda de acordo com o sofisma da egrégia socióloga, a maioridade penal não pode ser reduzida no Brasil porque se isso acontecer, como essas bestas bípedes, que a mídia chama meramente de menores infratores, vão ajudar no seu orçamento doméstico? Assim sendo, quem trabalha e é da classe média para cima não deve reagir quando for assaltado por um "trombadinha", pois se o fizer, como o "garotinho" vai ganhar dinheiro e ajudar a sustentar sua casa? Aliás, nós da classe média para cima temos muito dinheiro, e não sentiremos falta de alguns reais a menos para pagar as contas no fim do mês, não é mesmo?

Este tipo de sofisma, carregado de determinismo social, quando desconstruído, revela a índole classista da nossa pseudo-elite pensante-acadêmica-esquerdopata. O classismo destes deterministas sociais chega ao ponto de dizer, sempre com palavras assaz elegantes, que pobre não tem caráter, pois enquanto o rico, quando perde o emprego, vai procurar outro, o pobre, quando perde o emprego, cai automaticamente na bandidagem, afinal, como diria Cláudio Lembo, atual governador de São Paulo, um pefelista que mais parece um camarada do Partidão, a violência advém da desigualdade social, e a burguesia, isto é, a elite branca opressora, tem mais é que abrir a carteira para sustentar os humildes e vilipendiados proletários.

Em suma, é urgentemente necessário que as autoridades e a sociedade civil acordem para a vida e admitam que pobre não é bandido em potencial, e que, se a pobreza fosse uma causa determinante da criminalidade, jamais estourariam escândalos de corrupção como o mensalão ou a máfia das ambulâncias, pois, afinal de contas, nossos egrégios congressistas estão longe de serem pessoas necessitadas! A mentalidade classista de muitos sociólogos, intelectuais orgânicos, cientistas sociais, cientistas políticos, filósofos e demais camaradas da "turma do social" faz com que os crimes cometidos pelos pobres sejam relativizados, justificados que são como atitudes que visam a "distribuição de renda", entre outros sofismas politicamente corretos. Aliás, convém lembrar que os principais partidos do atual governo federal têm, em suas fileiras, seqüestradores, assaltantes de bancos, estupradores, assassinos, guerrilheiros e terroristas, sem falar no Supremo Apedeuta, um sindicalista pelego. Como, então, querer que a segurança pública seja eficiente se o povo brasileiro pôs um monte de vampiros para cuidar do banco de sangue?

domingo, maio 14, 2006

O ato de blogar

Este é o meu primeiro blog pessoal. Já tive outros blogs, mas ainda não havia percebido que, modéstia à parte, eu tenho muito futuro como cronista. Os blogs são um tipo revolucionário de sites, uma vez que eles permitem uma fácil escrita e uma rápida publicação dos textos que nós "blogueiros" produzimos. O blog é uma ferramenta multi-facetada, que pode ser usada como diário, informe, jornal, revista e até livro. Conheço um jornalista que publicou um de seus livros em posts no seu blog. O detalhe mais interessante sobre o blog é o fato de que ele, muitas vezes, acaba substituindo os sites tradicionais, pois não faz muito sentido complicar-se todo para criar páginas e publicar textos quando se tem uma ferramenta tão prática como o blog.

Além disso, há muitos jornalistas que transformaram seus blogs pessoais em verdadeiras centrais de notícias. Por outro lado, há também anônimos que acabam se revelando grandes escritores. A facilidade de publicar textos via internet vem promovendo uma grande democratização não só do acesso à informação, como também da sua produção, publicação e divulgação.

Em suma, o ato de blogar não se resume a uma verborragia datilográfica, como muitas pessoas insistem em afirmar. Blogar é, antes de tudo, produzir informação. Quanto à qualidade e à utilidade desta, cabe a cada um de nós discernir sobre os textos que nos são apresentados. Tudo é uma questão de responsabilidade e senso crítico.

sábado, maio 13, 2006

O ato de traduzir

Ser poliglota é um orgulho, além de ser um diferencial importante para conquistar espaços no mercado de trabalho. Hoje em dia, apesar de toda a tecnologia, o mais importante diferencial continua sendo a comunicação, e quando ela pode ser feita em mais de uma língua, melhor ainda. Lembro-me de que há 11 anos atrás, saí pela primeira vez do Brasil. Meus pais levaram a mim e ao meu irmão para a Disney World. Ficamos nos Estados Unidos, mais especificamente na Flórida, durante 22 dias. Uma coisa de que me lembro e da qual hoje acho graça era a minha angústia, naquela época, em tentar entender o que se falava ao meu redor, principalmente nos parques que visitamos. Em 1995, eu, então com 10 anos, não falava uma palavra de inglês; era monoglota. Às vezes, fico imaginando como deve ser a vida das pessoas que vivem e morrem monoglotas. Minha facilidade em aprender línguas é tamanha que eu, atualmente, tenho muita dificuldade em imaginar isso, pois falo, além do português, inglês, espanhol, francês e italiano. Há algum tempo, tenho começado a perceber o poder que nós poliglotas temos à nossa disposição, poder este que, muitas das vezes, é, no mínimo, sub-utilizado. Nós temos o poder de, por exemplo, promover a concórdia ou a discórdia entre as pessoas. É tudo uma questão de consciência e caráter. Além disso, quando traduzimos os textos ou interpretamos a fala de alguém, nós temos o poder de eliminar as fronteiras lingüísticas entre os povos, algo muito importante, uma vez que a comunicação é o processo social básico; ela é a base da civilização.

Hoje em dia, eu simplesmente não mais consigo me imaginar monoglota. Aliás, convenhamos, a vida dos monoglotas não deve estar lá muito fácil atualmente. A importância de falar pelo menos duas línguas é inconteste no contexto de um mundo globalizado. Viver precisando de intérpretes e tradutores para se comunicar com gente de fora, visitar um país estrangeiro e sentir-se impotente diante de um verdadeiro apartheid lingüístico, deve ser no mínimo angustiante; principalmente em se tratando de pessoas como nós brasileiros, que falamos uma língua relativamente fraca no contexto global, o português. Para os monoglotas brasileiros, o Brasil, que é um país gigantesco, acaba tornando-se o mundo, pois estamos cercados do Oceano Atlântico por um lado e de países de língua espanhola pelo outro. Obviamente, não se pode negar o fato de que falar apenas português não é o mesmo que falar apenas inglês. As línguas do mundo não estão todas no mesmo patamar de importância. Aliás, a distância entre as 10 línguas mais faladas no mundo e as demais é simplesmente abissal.

Os mistérios do sono

Dizia Nélson Rodrigues que "a cama é um móvel metafísico". Concordo plenamente com esta afirmação, pois mesmo as pessoas mais céticas desse mundo hão de admitir que quando dormimos, viajamos, senão astralmente, pelo menos mentalmente. Não há maneira mais fácil de reviver as experiências da vida, inventar histórias e pré-conhecer pessoas e situações do que durante o sono. Aliás, eu vou além de Rodrigues: a cama não é um móvel apenas metafísico, mas também premonitório. Quem de nós já não sonhou com algo que ia acontecer? Geralmente, nós, infelizmente (ou felizmente), não conseguimos alterar o destino, mas há inúmeros casos de pessoas que evitaram maus acontecimentos porque "alguém" ou algo as avisou de um perigo iminente. Eu disse, entre parênteses, "felizmente", por crer que certas coisas acontecem porque, simplesmente, têm que acontecer; aliás, seria perigosíssimo se nós sempre conseguíssemos mudar o curso da História devido a informações recebidas através dos sonhos. Afinal, se todos pudéssemos fazer isso sempre, estaríamos arriscados a transformar as atitudes preventivas posteriores aos sonhos numa espécie de controle social.

Por outro lado, quem já não sonhou com coisas absurdas que nunca se concretizaram? Às vezes, admito, as coisas com as quais sonhamos e que não se concretizam não são absurdas, mas eu acho que seria muito chato um mundo em que as pessoas sempre soubessem o que vai acontecer e pudessem ficar alterando o futuro ao seu bel-prazer. Imaginemos a rotina onírica dos mulherengos: se seus sonhos sempre se concretizassem, a virgindade feminina seria algo mais difícil de encontrar do que os entrevistados do Ibope.

Além de tudo isso, existem pessoas que literalmente sonham acordadas. Se, para as pessoas que sonham apenas quando dormem, a cama é um móvel metafísico, para os "sonhadores conscientes", o cérebro é um órgão psicodélico. Conheço muitas pessoas que sonham acordadas; talvez eu seja uma delas. Porém, uma coisa não se pode negar: o ato de sonhar acordado denota uma imaginação fértil, e quando bem controlado, pode render ótimos frutos. Afinal, o que seria dos grandes empreendedores se eles não sonhassem também durante o dia? Provavelmente, ainda estaríamos lascando pedras para caçar animais selvagens e comendo-os crus.

Por fim, devo dizer que, se as pessoas costumam passar cerca de vinte anos de suas vidas dormindo, eu, que tenho vinte anos, já devo ter dormido, a julgar pelo meu sono, pelo menos uns trinta.

sexta-feira, maio 12, 2006

O ato de escrever

Faz mais de mês que não escrevo, mas o detalhe engraçado desta situação angustiante é que quando menos se espera, eis que surge uma idéia "do nada". Meu processo criativo é bem livre, sem frescuras. Sento-me para escrever e, de repente, começo a digitar e não paro mais. Não sei de onde vem a inspiração, mas uma coisa é certa: a indignação com os erros do mundo, quando controlada, me faz escrever textos, creio, bastante esclarecedores e que contribuem para a vida e o aprimoramento intelectual dos leitores.

O progresso da civilização aconteceu - e continua acontecendo - devido principalmente aos escritores, pois mesmo os maiores oradores da História nada teriam sido e nada teriam feito acontecer se não tivessem o respaldo de bons textos, sejam eles de autores conhecidos ou anônimos. A escrita é a base da civilização moderna, abrangendo todos os campos do conhecimento atual, da religião à política, da cultura ao entretenimento, da informação à arte, e assim por diante.

Outra caracterísitca maravilhosa da escrita é o fato de que ela, quando bem usada, preserva perenemente as verdadeiras idéias, orientações e concepções das pessoas e dos grupos humanos. Mesmo com o advento da revolução digital, a palavra escrita sobrevive, transmutada na forma de sinais eletrônicos nos monitores dos computadores. Ademais, a internet tem feito com que os jovens voltem a se interessar pela escrita, e já há até muitos adolescentes que preferem conversar por texto a conversar por voz. O entusiasmo das novas gerações em relação ao ato de escrever pode ser constatado facilmente através de qualquer estatística sobre a maioria dos usuários dos messengers, das chatrooms e, principalmente, dos chamados "sites de relacionamentos", notadamente o Orkut. Qualquer pessoa minimamente a par das coisas sabe que a grande maioria dos usuários de tais mídias está bem longe da maturidade, o que significa que a palavra escrita tem o seu lugar garantido na sociedade da informação, mesmo apesar de todos os vaticínios pessimistas a respeito de uma suposta decadência quantitativa e qualitativa dos textos dos mais jovens. Porém, estes pessimistas se esquecem de que escrever corretamente não garante o gosto pela escrita - uma coisa não tem nada a ver com a outra. Além disso, não podemos nos esquecer de que as línguas são organismos vivos, logo, estão sujeitas a alterações, o que faz com que, muitas das vezes, o errado de hoje seja o certo de amanhã. Em se tratando de línguas altamente complexas como o português, por exemplo, em que praticamente todas as regras possuem um monte de exceções, não devemos nos espantar se, daqui a 30 anos, falarmos uma língua razoavelmente diferente da atual, mesmo apesar de continuar sendo a mesmíssima língua portuguesa, uma língua que permite vários níveis de discurso, desde o mais erudito até o mais coloquial.

Em suma, escrever é necessário, mas não é preciso.