terça-feira, maio 26, 2009

A quem interessa a hegemonia chinesa?

Texto extraído do newsletter de Joelmir Beting:

COISAS QUE NOS FALTAM


Medicina e mandarim, assuntos do dia.

Fernando Pimazoni, médico responsável pelo Instituto de Patologia de Botucatu (SP), conta que, "com mais de 30 anos de experiência e certa vivência e conhecimento da medicina dos EUA, não foi surpresa a notícia (SAÚDE DE PONTA ) de que nós estamos tratando pacientes americanos com a mesma qualidade e mais barato do que eles. A medicina em São Paulo é excelente, mas não é barata (quem tem coragem de não ter plano de saúde?), muito parecida estruturalmente com a dos EUA. Lá, o diferencial está na infra-estrutura mais organizada e regulamentada. O médico produz muito mais, é mais fácil trabalhar, não se perde tempo com besteiras, incrivelmente mais eficiente, tanto é que quase 40% das publicações médicas mundiais vêm dos EUA. Até hoje, com crise e tudo".

Eli Campos Perez, de Catalão (GO), ponderando que "negócio bom e bem feito é aquele em que os dois lados ganham e após se entenderem perfeitamente" sugere, para "fazermos bons negócios da China (NEGÓCIO DA CHINA ) com a dita cuja e tudo não ficar na mão de meia dúzia de privilegiados", incluir em todos os níveis escolares e educacionais o ensino do mandariam, "assim como é com o inglês e já foi com o francês e latim".
(25/05/2009)


A seguir, meus comentários:

Se o ensino do inglês nas escolas brasileiras, tanto públicas quanto privadas, já é uma porcaria mas pelo menos dá aos alunos uma noção elementar de uma língua que o próprio Planeta China usa para se comunicar internamente, imagine o ensino do mandarim, uma língua que não é nacional, pois nada mais é do que o dialeto de Pequim, não usa o alfabeto latino (só isso já daria um baita nó na cabeça da rapazeada) e é totalmente alheia à realidade cotidiana do povo brasileiro, ainda por cima com a professorada comuna enchendo a boca para falar que TODOS os cidadãos do Planeta China falam mandarim... Ora! Não sei se é mania de perseguição de minha parte, mas esse comentário a favor do ensino do bendito mandarim nas escolas brasileiras me parece típico daquela brasileirada boba que quer que os Estados Unidos se explodam e não vê a hora de o mundo passar a ser regido pela batuta da hegemonia chinesa, pois, afinal de contas, mal sabe essa laia que quando um país se torna uma potência hegemônica, ele exporta, ou pelo menos tenta exportar, o seu regime político, e essa gente sem cultura está achando tudo isso lindo pelo simples fato de que não tem a menor idéia do que é a ditadura chinesa.

Você que está na faixa etária dos 50 ou pelo menos 40 já deve ter percebido que, do pessoal da sua idade, as pessoas que sabem que a China é uma ditadura comparável à União Soviética (não são muitas) acham que o regime chinês é igualzinho a essa "ditamole" tupiniquim que você teve que aturar na sua juventude. Porém, a sua geração não chega nem perto da minha quando esta última enche a boca para apoiar a hegemonia chinesa pelo simples fato de que o pessoal da minha idade não vivenciou uma ditadura, por mais branda que a já citada "ditamole" tupiniquim tenha sido. Para piorar as coisas, eu conheço muita gente da minha idade que torce o nariz quando eu falo que não existe chinês (língua chinesa, no sentido nacional do termo), e sim, no máximo, um dialeto levemente predominante sobre os demais, nesse caso o mandarim, que só o é por ser a fala corrente da capital. Nessas horas, lembro-me de uma aula que tive numa escola de informática, já há 5 anos, em que um professor encheu a boca para me dizer que eu (e não ele) estava fora do mercado trabalho porque a língua inglesa, já há uns 20 anos (segundo ele), tornou-se insignificante no mundo, inclusive no mundo dos negócios. É mole?

Às vezes eu fico pensando se nasci no país certo, pois quando você, que hoje tem 50 ou 40 anos, tinha a minha idade, me parece que o povo brasileiro tinha uma certa cultura geral, enquanto que hoje, o pessoal da minha idade não sabe quase nada nem sequer sobre o próprio Brasil, e ainda enche a boca para falar que os americanos é que não têm cultura... Mal sabem eles que os americanos conhecem pelo menos a sua história e a sua realidade.

segunda-feira, maio 18, 2009

Cristóvam Buarque e sua "democracia sem parlamento"

Recentemente, o senador Cristóvam Buarque declarou, durante um discurso na tribuna do Senado, que deveria ser realizado um plebiscito para consultar a população sobre a continuação ou não da existência do Parlamento.

É importante ressaltar o fato de que Cristóvam questionou a utilidade não apenas do Senado, mas da Câmara dos Deputados também, pois ao usar a palavra "Parlamento", ele estava se referindo ao Congresso Nacional como um todo, ou seja, a ambas as casas legislativas.

No caso do Brasil, cujo parlamento federal é bicameral, caberia no máximo a discussão sobre a continuação ou não da existência do Senado, que é a câmara alta do parlamento brasileiro, pois o poder público federal precisa ter pelo menos a câmara baixa, ou seja, a Câmara dos Deputados, pois não há democracia sem os 3 Poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário.

Na verdade, ao contrário do que a grande maioria das pessoas pensa, o único dos 3 Poderes que constitui o governo propriamente dito é o Poder Executivo, cujo presidente, o vice e os ministros representam a coalização de partidos que está no poder. O Poder Judiciário é apartidário e independente tanto do Executivo quanto do Legislativo, e no poder público federal é composto pelo Supremo Tribunal Federal e demais tribunais superiores. Já o Poder Legislativo é justamente aquele em que a democracia se manifesta na prática, pois o parlamento, seja ele mono ou bicameral, possui representantes dos partidos tanto da situação quanto da oposição. Portanto, o fechamento do parlamento, além de eliminar um dos 3 Poderes, transformaria o Brasil automaticamente numa ditadura em que o presidente governaria por decreto. Nesse quadro institucional de apenas 2 Poderes, o presidente da República não encontraria nenhum empecilho para submeter o Poder Judiciário à sua vontade, eliminando sua independência e transformando-o numa mera extensão do Poder Executivo. A partir desse momento, o Estado brasileiro só manteria um Poder: o Executivo, ou seja, o próprio governo, monolítico e absoluto, cujo presidente mandaria nos juízes, não teria oposição nenhuma, nomearia interventores federais nos Estados e municípios, que obviamente também não mais teriam seus parlamentos e tribunais, e por fim, seria senhor da vida e da morte de 180 milhões de brasileiros.

Depois de tudo o que eu expliquei, eu lhe pergunto: você ainda quer esse plebiscito?

domingo, maio 17, 2009

"As leis inúteis debilitam as necessárias"

Recentemente, o Presidente do Sindicato dos Carregadores de Malas do Distrito Federal, Sr. Alex Oliveira, proibiu o uso de barba e bigode por parte dos trabalhadores.

Essa notícia, que mais parece um trecho de um livro de ficção, demonstra a absoluta falta do que fazer de muitas entidades de classe no mundo de hoje. O Procurador do Ministério Público do Trabalho, Sr. Adélio Jutino Lucas, afirmou que a decisão do sindicato é ilegal.

Você, Leitor, deve estar imaginando que isso é um fato isolado e que só acontece aqui no Brasil. Porém, o filósofo francês Montesquieu, considerado um dos principais intelectuais iluministas, já conhecia esse tipo de situação surreal quando publicou o livro "Do espírito das leis", no distante ano de 1748. A citação mais reproduzida desse livro, considerado sua obra-prima, é justamente a seguinte: "As leis inúteis debilitam as necessárias".

Isso prova que a burrice é democrática e universal: se manifesta no mundo inteiro e desde sempre.

quinta-feira, maio 07, 2009

Piada pronta

No domingo retrasado, durante a primeira partida final do Paulistão, Cléber Machado disse que Mano Menezes é bi-campeão estadual gaúcho da seguinte maneira:

"Mano Menezes é bi-gaúcho!"

Aí eu pensei: "bi-gaúcho" é um título ou uma orientação sexual? Será que os "bi-gaúchos" são aqueles que freqüentam o "CTGLS"?