terça-feira, outubro 30, 2007

A raça e a guerra cultural

Não são poucas as pessoas que dizem que orgulho de raça não é racismo. Eu discordo, por vários motivos, dentre eles o seguinte: apesar de os skinheads e os membros de organizações como a Ku Klux Klan serem sociopatas perigosíssimos, eles têm razão quando fazem a seguinte pergunta: "Por que, quando um negro veste uma camiseta com a frase ´100% Negro´, ninguém fala nada e quando um branco veste uma camiseta com a frase ´100% Branco´, o mundo desaba sobre sua cabeça?" O orgulho de raça, nesse caso específico, não é exatamente o mesmo? Por que as reações desiguais?

As pessoas em geral foram condicionadas a pensar que só há racismo quando brancos discriminam negros, e não o contrário. Porém, o inverso é racismo do mesmíssimo jeito. Se analisarmos o discurso de muitos ativistas do movimento negro, constataremos que muitos dos seus argumentos são tão racistas quanto o anti-semitismo de Hitler. Existem dois artistas brasileiros em especial que são altamente racistas: Agnaldo Timóteo e Leci Brandão. Que me desculpem os fãs deles, mas por trás de um discurso aparentemente inofensivo em defesa daquilo que poderíamos chamar de "africanismo", o que ativistas como esses dois artistas querem é a segregação, o apartheid às avessas.

Exemplos?

No caso de Agnaldo Timóteo: certa vez, no Programa do Ratinho, há alguns anos, Timóteo criticou ferozmente os negros famosos, como artistas e futebolistas, que se casam com mulheres brancas e afirmou categoricamente que eles deveriam se casar com mulheres negras. Inclusive, ele mencionou o caso do ator Milton Gonçalves, que é casado com uma mulher branca, bradando que isso é um absurdo. Dias depois, Ratinho concedeu o direito de resposta a Milton, que escreveu uma nota e a leu no ar por telefone. Infelizmente, talvez pela rapidez dos acontecimentos, Milton não conseguiu dar uma resposta à altura, que seria a seguinte: as pessoas têm que se casar com quem elas gostam, independente da cor da pele. Aliás, se você, caro(a) leitor(a), acredita, em sã consciência, que as pessoas não devem se casar com alguém de cor de pele diferente delas mesmo se elas se gostarem, sugiro que você reflita sobre a sua opinião, pois você está sendo racista.

No caso de Leci Brandão: há anos atrás, no comecinho do primeiro mandato do presidente Lula, Leci foi entrevistada por Marília Gabriela. Num certo momento da entrevista, Marília mencionou a questão das cotas raciais nas universidades, dizendo que Lula havia declarado que o seu governo tentaria estabelecer critérios científicos de classificação racial, levando em conta, porém, as nuances raciais decorrentes da mestiçagem, isto é, os mulatos, classificados como pardos. Nesse momento, Marília perguntou a Leci o que ela achava disso e ela respondeu: "Para mim, não existe esse negócio de mulato ou pardo! Ou é branco, ou é negro!"

Essa declaração de Leci é inspirada no antagonismo racial típico da sociedade americana, principalmente sulista, e do apartheid sul-africano, algo simplesmente impossível aqui no Brasil, devido ao alto grau de mestiçagem da nossa população. Afinal de contas, se uma população é majoritariamente mestiça, não há como estabelecer uma classificação racial rígida, que não leve em conta as nuances raciais - nesse caso, os mulatos ou pardos.

O que o movimento negro pretende é rachar a sociedade brasileira ao meio, inventando uma fronteira intransponível entre negros e brancos. Porém, uma coisa que consola todo e qualquer amante da liberdade é o fato de que esses racistas teriam que viajar para o passado e rachar a sociedade brasileira ao meio em 1500. Em outras palavras, o apartheid só seria possível retroativamente, no sentido surreal do termo.

Quanto a esse assunto, a conclusão a que se pode chegar é a seguinte: se, por um lado, o racismo é inevitável, por outro lado, a segregação, no caso específico do Brasil, é impossível. Aos racistas de plantão, resta apenas o direito de espernear.

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