segunda-feira, setembro 08, 2008

O MEC e o sistema educacional brasileiro

Desde sempre, eu me pergunto, com muito pesar: por que o sistema educacional brasileiro não adota, a exemplo de outros países, um ensino direcionado, isto é, com ênfase nas matérias exatas para quem é bom de exatas e ênfase nas matérias humanas para quem é bom de humanas?

Apesar de isso ser uma coisa óbvia, já faz bastante tempo que não é mais assim. Freqüentemente, converso com meu pai a respeito de questões relacionadas a esse assunto e ele sempre me diz que o sistema educacional brasileiro regrediu, por um motivo muito simples: no tempo dele, o ensino era exatamente como falei no parágrafo anterior: após um ano de pré-primário, 4 de primário e 4 de ginásio, cada estudante podia optar pelo clássico (humanas), pelo científico (exatas) ou pelo normal, para quem queria ser professor.

Até pouco tempo atrás, eu não sabia porque isso havia mudado. Recentemente, meu pai, indo mais a fundo nessa questão, me revelou que o MEC mudou o que era ótimo para algo que é horrível para cortar gastos e aumentar a quantidade de salas de aula. No caso da quantidade de salas, cabe explicar que os burocratas do MEC devem ter raciocinado da seguinte maneira: "Em vez de termos 3 salas de 15 alunos (uma do clássico, uma do científico e uma do normal) vamos juntá-las para termos uma única sala de 45 alunos, pois assim haverá mais vagas nas escolas".

O grande problema do modelo atual é justamente o detalhe fundamental que o MEC ignorou, e que derruba o sistema: uma classe única com alunos que seriam do clássico, do científico e do normal é, por definição, uma classe altamente heterogênea. Portanto, o professor não consegue andar com a matéria com a rapidez com que poderia fazê-lo se as classes fossem separadas. Aliás, deve-se lembrar que a quantidade de alunos "generalistas", isto é, que têm um bom desempenho nos 3 campos, é muito pequena, o que causa o sofrimento, tão grande quanto fácil de evitar, da grande maioria dos alunos.

Indo mais além nessa questão, cabe salientar também que um fato importante que o MEC ignora atualmente é a expansão do ensino privado no Brasil, inclusive no interior do país. Se o MEC restaurasse o modelo do tempo do meu pai, caber-lhe-ia, como órgão governamental, apenas e tão-somente estabelecer uma grade mínima de matérias para o clássico, o científico e o normal e deixar o resto por conta da iniciativa privada e dos ajustes naturais do mercado. Se isso fosse feito, o MEC cuidaria apenas das escolas públicas e deixaria os empresários do ramo do ensino fazerem o seu trabalho em paz.

Eu gostaria muito que o MEC restaurasse o modelo antigo por um motivo muito simples: eu sofri demais por causa do modelo atual e não quero que meus filhos e netos passem por esse mesmo sofrimento que, como já disse, é tão grande quanto fácil de evitar.

Um comentário:

Anônimo disse...

CONCORDO PLENAMENTE!