segunda-feira, agosto 29, 2011

?Por que no te callas?

A Cumbre Hispano-Americana, ocorrida no Chile, em que o Rei Juán Carlos, da Espanha, mandou o ditador venezuelano Hugo Chávez calar a boca foi um acontecimento carregado de um simbolismo que parece ter escapado a quase todos aqui no Brasil, até porque a grande maioria da população e da própria mídia brasileira não tem a menor idéia de como funcionam as monarquias modernas.

Antes de fazermos a análise, vamos "voltar a fita" e recordar o que aconteceu na Cumbre: Hugo Chávez chamou o Ex-Primeiro-Ministro espanhol José María Aznar de "fascista". Como reação, o atual Premiê espanhol, José Luis Zapatero, saiu em defesa de Aznar e reprovou o xingamento de Chávez. Mas havia um grande problema a ser resolvido: mesmo com o microfone cortado, Chávez continuava falando, ou melhor, gritando. A "bronca" educada de Zapatero de nada adiantou. Depois de um certo tempo, o Rei da Espanha perguntou a Chávez em voz alta: "?Por que no te callas?". Intimidado, assustado e absolutamente surpreso, Chávez calou imediatamente e ficou com cara de derrière, pois certamente não esperava uma reação tão veemente por parte do Rei.

A análise é a seguinte: quando o Rei da Espanha mandou Chávez calar a boca, o Rei agiu como um monarca moderno. Explico: nas monarquias modernas, notadamente da Europa, o monarca não é mais um governante, mas apenas e tão-somente um árbitro. Quando o Rei se manifestou, ele não entrou no mérito da discussão e apenas arbitrou a disputa pela palavra entre o Premiê espanhol e o ditador venezuelano, mandando, correta e merecidamente, que Chávez calasse a boca. Até aí, tudo bem; tudo estava certo. Porém, um certo tempo depois, o Rei afinou, pois voltou atrás e pediu desculpas publicamente a Chávez.

Falando em termos étnicos e em nome dos meus ancestrais espanhóis, devo dizer que fiquei muito decepcionado quando o Rei da Espanha afinou, pois toda a gana espanhola do Rei deu lugar, quando ele voltou atrás, a uma atitude tipicamente portuguesa: o Rei da Espanha baixou a cabeça diante de uma pessoa que estava errada e acabou dando moral ao Caudilho.

Freqüentemente, nós assimilamos defeitos alheios por causa da convivência. Não por acaso, quando o ditador Francisco Franco estava no poder, o Rei da Espanha se exilou por muito tempo justamente em Portugal; portanto, o Imperador dos Espanhóis acabou se deixando contaminar pelo que há de pior na personalidade portuguesa: a baixa auto-estima e o complexo de inferioridade. Em outras palavras, o Rei da Espanha se "lusitanizou". É uma pena, e é uma coisa que, infelizmente, não tem volta. O que foi feito não poderá jamais ser alterado, e o maldito ditador venezuelano Hugo Chávez acabou passando por vítima nesta história.

domingo, agosto 28, 2011

A raça, o preconceito e o Brasil

Existe uma questão que, freqüentemente, é tema de discussão aqui no Brasil: o povo brasileiro é racista? A resposta a esta questão não é simples, mas posso começar a respondê-la dizendo que há no Brasil, de fato, um fortíssimo preconceito de cor, mas cor da pele, por si só, não é raça, pois o conceito de raça vai muito além disso. Por outro lado, o povo brasileiro não é racista, pelo menos não no sentido americano de racismo.

Em países como os Estados Unidos, a grande maioria da população, e não apenas os assim chamados "brancos", é profundamente racista, pois a grande maioria dos americanos acreditam piamente que os diferentes grupos étnicos são "clãs" humanos essencialmente diferentes, e que o melhor a fazer, para o bem da sociedade, é traçar fronteiras entre os grupos e mantê-los "puros", para evitar a mestiçagem, o que, na opinião de todo e qualquer racista, é uma coisa abominável que causa uma espécie de "degeneração", nos sentidos cultural, social e até genético do termo.

O discurso em prol da raça é a negação do Brasil, pois se o povo brasileiro fosse racista, não seria mestiço. A idéia de que a mestiçagem é não apenas aceita, mas considerada uma coisa positiva, é uma idéia genuinamente brasileira. Porém, não se pode negar que no Brasil há pouquíssimos negros e mulatos nas classes A e B e, de um modo geral, em cargos de liderança social, acadêmica, empresarial, política etc.

Enquanto, nos Estados Unidos, o próprio governo classifica os seus cidadãos de acordo com mais de 15 categorias raciais, a quase-totalidade dos cidadãos brasileiros têm uma enorme dificuldade de se auto-definir em termos raciais. O máximo que os brasileiros declaram no Censo é uma referência à cor da pele, sendo que, segundo dados governamentais de 2008, cerca de 44% dos brasileiros, isto é, quase metade da população, se declaram "pardos" (mestiços).

Geralmente, quando o brasileiro pensa em raça, o que vem à sua mente é o conceito, vago e bipolar, de "raça branca" e "raça negra". Raríssimamente um brasileiro vai além disso. Ademais, no Brasil não existe o conceito de "família branca" ou "família negra". É muito comum que os brasileiros dividam as famílias em católicas ou evangélicas, nortistas ou sulistas, corinthianas ou flamenguistas, ricas ou pobres etc., mas quase nunca atribuindo uma raça à família, até porque é justamente no seio da família que se manifesta o fenômeno social, cultural e genético da mestiçagem.

Em suma, como diria Demetrio Magnoli, "raça é coisa de cachorro!"

terça-feira, agosto 16, 2011

Quem seria o rei de Israel?

Não são poucas as pessoas que têm a seguinte dúvida: por que o Estado de Israel é uma república, e não uma monarquia? Quem teria direito ao trono de Israel? A resposta é muito simples: em 1948, o Estado de Israel foi fundado como uma república porque é absolutamente impossível rastrear os descendentes da família do rei Davi, isto é, a principal família real do Israel antigo, para conduzir um deles ao trono.

sexta-feira, agosto 12, 2011

O futuro será de todos!

Certa vez, há mais de 10 anos, um líder do movimento gay foi entrevistado por Jô Soares e, logo no início da entrevista, proferiu a seguinte declaração, aparentemente boa e inofensiva, mas cujo verdadeiro significado, quando decodificado, revela o autoritarismo perverso desse cidadão:

O futuro é das minorias!

Na minha opinião, o futuro não tem que ser nem das minorias, nem da maioria. O futuro tem que ser de todos! O que esse líder gayzista quer impor à sociedade brasileira é a idéia autoritária de que as minorias politicamente organizadas, neste caso a minoria gay, imponham suas vontades e caprichos à maioria, neste caso nós, os heterossexuais. Mas isso não é correto e nem justo.

Que a maioria oprima as minorias, não é justo, mas que as minorias oprimam a maioria, é ridículo. Como disse a presidente Dilma Rousseff, deve-se defender o respeito aos homossexuais, e não fazer apologia do gayzismo.

O futuro tem que ser (e será!) de todos, em igualdade de direitos e deveres.

segunda-feira, agosto 01, 2011

A volta da propriedade privada em Cuba

A seguir, notícia do UOL que dispensa comentários:

O Parlamento de Cuba deu luz verde nesta segunda-feira a um plano de reformas econômicas que deve trazer mudanças importantes ao modelo comunista vigente no país. Entre as medidas está a comercialização de moradias, o que significa a volta da propriedade privada à ilha.

A reforma foi aprovada pela Assembleia Nacional do Poder Popular, cuja sessão foi aberta pelo presidente Raúl Castro.

Castro vem defendendo reformas que possibilitem a criação de um mercado livre limitado desde que recebeu o poder das mãos do irmão, Fidel, em 2008.

Com a aprovação do plano, os cubanos vão poder, pela primeira vez em 50 anos, comprar propriedades. A escassez de habitações é um dos grandes problemas da ilha, já que apenas a troca de casas é permitida (sem uso de dinheiro), o que provocou a criação de um mercado negro para a aquisição de moradias.

A compra de mais de um automóvel também será permitida. Ainda é prevista a eliminação de um milhão de empregos no setor público. Viagens ao exterior também serão facilitadas, assim como será autorizada a abertura de pequenos negócios.

O pacote com 313 medidas foi desenhado em abril deste ano, durante o Congresso do Partido Comunista.

Comunismo
Durante a sessão no Parlamento, o deputado José Luiz Toledo Santander, presidente da Comissão de Assuntos Constitucionais, ressaltou que, apesar da reforma, a Constituição de Cuba reconhece que o Partido Comunista "é a força dirigente superior da sociedade e do Estado", segundo o jornal Juventud Rebelde.

As mudanças ficam a cargo da Comissão de Implementação, que segundo o jornal irá definir, de maneira concreta, "o conceito de elementos teóricos do modelo cubano que se atualiza e propor normas jurídicas".

A comissão tem ainda a missão de implementar um novo modelo de gestão nas empresas estatais de Cuba.

Mais uma vitória do bom senso

A seguir, notícia do UOL que dispensa comentários:

01/08/2011 - 17h43
Músico não precisa de registro para exercer profissão, decide STF
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FELIPE SELIGMAN
DE BRASÍLIA

Por unanimidade, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta segunda-feira (1º) que o músico não precisa ter registro em entidade de classe para exercer sua profissão.

Os ministros julgaram o caso de um músico de Santa Catarina que foi à Justiça ao alegar que, em seu Estado, ele só poderia atuar profissionalmente se fosse vinculado à Ordem de Músicos do Brasil.

Em diversos locais do Brasil, músicos são obrigados a apresentar documento de músico profissional -- a "carteirinha de músico" -- para poder se apresentar.

A decisão vale apenas para o caso específico, mas ficou decidido que os ministros poderão decidir sozinhos pedidos semelhantes que chegarem ao tribunal. Ou seja, se o registro continuar a ser cobrado, será revertido quando chegar no tribunal.

Para a ministra Ellen Gracie, relatora da ação, o registro em entidades só pode ser exigido quando o exercício da profissão sem controle representa um "risco social", "como no caso de médicos, engenheiros ou advogados", afirmou.

O colega Carlos Ayres Britto disse que não seria possível exigir esse registro pois a música é uma arte. Ricardo Lewandowski, por sua vez, chegou a dizer que seria o mesmo que exigir que os poetas fossem vinculados a uma Ordem Nacional da Poesia para que pudessem escrever.

Já o ministro Gilmar Mendes lembrou da decisão do próprio tribunal que julgou inconstitucional a necessidade de diploma para os jornalistas, por entender que tal exigência feria o princípio da liberdade de expressão.