sexta-feira, dezembro 12, 2008

Estudo de caso: Uma extravagância chamada esperanto

Desde criança eu já tinha uma idéia do que vinha a ser o esperanto. Porém, só há alguns anos eu conheci o assim chamado movimento esperantista, presente em dezenas de países e que reúne milhares de excêntricos que têm por objetivo intrinsecamente utópico transformar o esperanto na língua global do futuro. Vou explicar a questão do esperanto por etapas:

1- Invenção: em 1887, o judeu-polaco Lazarus Ludwig Zamenhof criou a língua a partir de uma salada mista de dezenas de línguas, pois Zamenhof era um exímio poliglota. Cerca de 70% da gramática do esperanto é baseada no latim e o alfabeto empregado é o latino, pois, em seus estudos, Zamenhof constatou que a maioria das línguas existentes no mundo emprega esse alfabeto. Além disso, a base principal do próprio vocabulário é o latim. Aliás, cabe fazer uma retificação aqui: apesar do que a grande maioria das pessoas pensa, a proposta esperantista não é eliminar todas as línguas que há no mundo e impor o esperanto, e sim transformá-lo na língua neutra global, permitindo que cada povo mantenha a sua própria língua. Inclusive, o próprio lema do movimento esperantista, cunhado por Zamenhof, é: "Para cada povo, a sua língua; para todos os povos, o esperanto." Faço questão de esclarecer esse detalhe sem entrar no mérito, mas apenas por uma questão de justiça.

2- Divulgação: em 26 de julho desse mesmo ano, Zamenhof lançou o primeiro livro de regras do esperanto. O livro era escrito em russo. Aliás, eis aqui uma curiosidade: como Zamenhof era judeu e polaco, motivo de dupla discriminação, ele lançou o livro sob o pseudônimo "Doktoro Esperanto", que significa "Doutor Esperançoso". Assim sendo, o livro e, conseqüentemente, a língua, foram bem aceitos pelo público, cuja grande maioria não sabia das origens do autor.

Em 1905, foi realizado, numa cidade do interior da França, o primeiro congresso de esperanto, que reuniu quase mil pessoas de várias nacionalidades, as quais trataram de divulgar a língua em seus países.

3- Movimento: vários clubes de esperanto foram sendo criados em vários países, começando no Brasil por Campinas em 1906, mas as duas guerras mundiais emperraram o movimento. Inclusive, na II Guerra Mundial, Hitler perseguiu e matou muitos esperantistas na Alemanha e nos territórios ocupados pelo III Reich; Stalin fez o mesmo na União Soviética. A família de Zamenhof foi dizimada. No Japão e na China, também houve perseguição e matança.

Várias organizações tentaram - e continuam tentando - dar um empurrãozinho para ver se o esperanto decola. Em 1954, a ONU, por exemplo, através da UNESCO, passou a apoiar oficialmente a causa esperantista. Mais recentemente, com o advento da internet, o esperanto pôde ser divulgado globalmente de maneira rápida, fácil e barata. Porém, a bem da verdade, a internet foi justamente a mídia que deu ao esperanto o seu merecido status de extravagância de sonhadores totalmente alheios à realidade do mundo, que é pura e simplesmente a seguinte: sempre houve e sempre haverá uma língua global imposta por uma nação. Há 2 mil anos, quem não falasse latim estava por fora. Hoje em dia, quem não fala inglês perde, só por isso, uma miríade de oportunidades preciosas no mercado de trabalho.

4- Peculiaridades: por ser utópico, o movimento esperantista acaba atraindo gente de outras causas quiméricas. Eu tive contato direto com o movimento esperantista e posso afirmar que a maioria dos esperantistas têm relação direta ou indireta com os seguintes movimentos: socialismo, comunismo, anarquismo, vegetarianismo, veganismo, pacifismo, espiritismo etc. Aliás, quanto a esse último, convém relatar que o movimento esperantista brasileiro é tão ligado ao movimento espírita que muita gente tem a falsa idéia de que "o esperanto é uma língua espírita". O próprio espiritismo, que, na sua vertente kardecista, é um fenômeno local restrito ao Brasil, acaba fazendo com que pessoas mal-informadas de outras religiões não queiram aprender esperanto justamente por achar que se trata de uma "língua espírita". Novamente, não estou entrando no mérito, mas apenas fazendo essa outra retificação também por uma questão de justiça.

Existe uma outra corrente de pensamento que é seguida pela grande maioria dos esperantistas: o anti-americanismo. O motivo é óbvio: uma vez que os Estados Unidos são a nação que, devido à sua hegemonia, impõe a língua global atual, os esperantistas costumam atacar ferozmente a nação americana e, por decorrência, a língua inglesa, numa demonstração clara de fraqueza, pois, como se diz no mundo dos negócios: "Se o seu produto funciona, você não precisa ´meter o pau´ na concorrência".

5- Conclusão: o esperanto e o movimento esperantista como um todo são pura perda de tempo. Se você tem facilidade e/ou necessidade de aprender línguas, aprenda inglês e outras línguas do mundo real, pois, como eu já disse anteriormente, sempre houve e sempre haverá uma língua global imposta por uma nação, não obstante a importância, ainda que menor, das línguas secundárias, como é atualmente o espanhol.

3 comentários:

Anônimo disse...

Muito interessante isso sobre o esperanto, vale a pena ler... obrigado por nos informar e por nos tornar mais cultos. Josué

Júnior, Edvaldo disse...

Para alguém contra o esperanto, até que você escreveu muito bem, quase neutro!

Acho que pecou muito só quando disse que os esperantistas metem o pau no inglês, até tem pessoas que fazem isso, esperantistas ou não, mas isto não é o perfil do esperantista, há vários esperantistas que adoram o inglês, muitos são inclusive professores de inglês.

Eu aprendi esperanto não por me atrair por causas quiméricas, mas por algo prático, existe um serviço no movimento esperantista chamado "Pasporta Servo" (Serviço de Passaporte), no qual vc se hospeda de graça na casa de outros membros, posso viajar no Brasil e no Mundo e sem pagar hotel.

Há muitos outros serviços práticos, é melhor se informar melhor.

Anônimo disse...

Boa piada.

Agora tente escrever um texto sério, sem tentar prever o futuro e sem falar como dono da verdade. Apenas apresente fatos.

Vamos lá, você consegue! É só se esforçar ;-)

Você pode usar isto aqui como inspiração:

http://geocities.com/c_piron/

Veja, o texto do link está em inglês, a língua que você tanto gosta.


Aliás, deixa eu citar outras coisas que são pura perda de tempo:

- A paz mundial. Sempre houve e sempre haverá guerras mesmo...

- Pesquisa em saúde. Sempre houve e sempre haverá doenças e morte. Portanto não devemos perder tempo tentando curar doenças!

- Competições esportivas internacionais. Se a sua nação tem valor, você não precisa se autoafirmar em esportes.

- Jogos de xadrez e sudoku são pura perda de tempo. Se você tem facilidade com matemática e lógica, aprenda algo do mundo real, não essas coisas sem importância.

Falei absurdos? Falei. Mas foi você que começou :-)