quinta-feira, agosto 27, 2009

Estratégia infeliz

A estratégia adotada pelo Senador Eduardo Suplicy, do PT paulista, que representa, ou pelo menos parece representar, aquele 1% de políticos que ainda prestam num panorama de corrupção "como nunca antes nesse país", foi mais do que equivocada. Foi infeliz. Discursando na Tribuna do Senado, Suplicy tomou uma atitude cujas classes menos instruídas da população brasileira certamente entenderam às avessas do que ele de fato quis dizer: ao mostrar o cartão vermelho para José Sarney, Suplicy "misturou as estações" e acabou dando a entender ao povo que quer expulsar Sarney "na marra", quando deveria ter exigido, isto sim, uma votação, de preferência aberta e nominal, do mérito da questão que mais se discute no Senado atualmente: a cassação ou a permanência do Presidente José Sarney.

Suplicy quis dizer que exige a votação, mas o gesto de mostrar o cartão vermelho, tal como um árbitro numa partida de futebol, certamente deu a entender aos menos ilustrados justamente o contrário, ou seja, a expulsão de Sarney, a saída de Sarney pela porta dos fundos, tal como o jogador expulso que vai para o chuveiro mais cedo devido à expulsão inquestionável e irrevogável do árbitro.

Uma partida de futebol não é uma democracia, pois todos os seus lances, inclusive a sua própria realização, são submetidos à autoridade absoluta de um único indivíduo: o árbitro, que rege a partida de maneira autocrática. Portanto, a relação de poder entre o árbitro e os jogadores nada tem a ver com a atividade parlamentar, pois o Parlamento é um espaço de discussões e votações em que o Presidente da Casa tem por função primordial ser um mediador de conflitos entre os parlamentares, os partidos, as bancadas, a situação e a oposição etc.

Das duas, uma: ou Suplicy foi mal-assessorado ou fez questão de ignorar os conselhos de seus assessores de gabinete, de partido e talvez até de coalizão.

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