domingo, novembro 28, 2010

Nem toda restrição a estrangeiros é xenofobia

Abaixo, notícia publicada no UOL, mais precisamente no canal Opera Mundi:

28/11/2010 - 18:19 | Thaís Romanelli | São Paulo

Suíços aprovam em referendo expulsão de estrangeiros condenados pela Justiça


Os suíços aprovaram em referendo neste domingo (28/11) proposta para deportar estrangeiros condenados pela Justiça. A lista de crimes inclui porte de armas, drogas, estupro e assassinato, entre outros, mas também crimes menores, como sonegação de impostos. A medida foi proposta por partidos de direita e ocorre um ano depois de um outro referendo proibir a construção de minaretes muçulmanos no país, medida que gerou forte polêmica internacional.

De acordo com os números divulgados, 52,9% dos votos foram a favor da medida, e 47,1%, contra. O governo suíço elaborou uma contra-proposta que também resultava na expulsão de condenados, mas que levava em conta a gravidade do crime e os antecedentes dos criminosos. Essa proposta foi, no entanto, rejeitada.

O governo suíço teme que a aprovação da medida tenha uma má repercussão na comunidade internacional e que aumente os atritos com a União Europeia, da qual a Suíça não é integrante, mas com quem mantém uma série de acordos - por exemplo, o que garante a estadia de cidadãos de países membros da organização no país sem autorização especial.

Com a aprovação da medida, fica prevista ainda a expulsão de estrangeiros que abusam da ajuda social ou da seguridade social. Para todos os casos, a pessoa precisa ser condenada antes de ser expulsa. Em caso de expulsão, haveria interdição de entrar na Suíça por um período de 5 a 15 anos, dependendo do caso, e por 20 anos em caso de reincidência, um dos pontos mais criticados pela União Europeia, para quem a prática contraria o acordo bilateral sobre a livre circulação das pessoas.

Atualmente, mais de 20% da população da Suíça é estrangeira. As estatísticas oficiais dão conta de um aumento das condenações de estrangeiros nos últimos anos.

A seguir, meus comentários:

Essa matéria é extremamente tendenciosa, pois além de dar a entender que todo e qualquer partido europeu de direita é xenófobo por definição, insinua que é errado ou até desumano deportar estrangeiros condenados por crimes, mesmo em se tratando de crimes supostamente menores.

Quanto à proibição da construção de minaretes no território suíço, por mais questionável que essa lei seja, os países cristãos são muito mais respeitosos para com os muçulmanos e o islã do que os países muçulmanos o são em relação a toda e qualquer religiosidade não-islâmica. Na Arábia Saudita, qualquer cristão que saia na rua com um crucifixo no pescoço vai para a cadeia. No caso da Suíça, proibir minaretes é algo até suave, pois certamente a manifestação pública da fé islâmica continuará sendo livre.

Assim como o próprio Brasil já deportou estrangeiros condenados, a Suíça tem todo o direito de fazer o mesmo. E tem mais: segundo o referendo, o tempo máximo em que os estrangeiros deportados não poderão voltar a pisar na Suíça é de 20 anos. Pois é até pouco, pois nos Estados Unidos, por exemplo, o tempo em que os estrangeiros deportados não podem voltar a pisar em solo americano geralmente é o resto da vida, sem contemplação. E no caso dos Estados Unidos, estrangeiros que não são bandidos mas que mentem para tentar conseguir o visto americano também são proibidos de pisar em solo americano pelo resto de suas vidas, novamente, sem contemplação.

Se um estrangeiro entra no Brasil e é preso e condenado por porte de armas e/ou drogas ou por estupro ou assassinato, ele deve ser deportado o quanto antes, para comer às custas do sistema prisional do seu país de origem.

O governo suíço está montado na razão e não tem que dar bola para o que a ONU e nem tampouco a União Européia dizem, até porque a Suíça não é um país-membro da União Européia, e se algum estrangeiro de um país-membro for condenado por um crime, ele deve ser deportado, pois os estrangeiros europeus condenados devem ter o mesmo tratamento dos estrangeiros condenados do resto do mundo, pois uma coisa é a Suíça ter acordos com a União Européia; outra coisa é a Suíça permitir que a baderna que está rolando nos países-membros se prolifere dentro do seu território, ainda mais em se tratando de um país tradicionalmente neutro.

O governo suíço seria xenófobo se deportasse estrangeiros que não são bandidos, mas em se tratando de estrangeiros condenados, o governo suíço está tomando uma atitude patriótica e muito corajosa, pois está remando contra a maré do politicamente correto.

sábado, novembro 06, 2010

Simpatias perigosas - parte 3

Lembrei-me de mais uma coisa: durante o papo com os pais da amiga da minha namorada, estávamos assistindo ao último debate entre Dilma e Serra, dois dias antes do segundo turno, quando de repente, a mãe da moça, que havia votado em Dilma no primeiro e que disse que votaria em Serra no segundo, afirmou, estupefata: "Eu não sabia que o Zé Dirceu estaria por trás da Dilma durante a campanha e no governo, caso ela ganhe." Ao que eu retruquei: "Mas é claro! O Zé Dirceu trabalha para o PT 24 horas por dia, independente do candidato do momento. O Zé Dirceu jamais se afastou e jamais se afastará do PT, pois seria o equivalente ao Pelé se afastar do Santos, ou ao Papa deixar de ser católico." E os pais da moça ainda riram disso.

Mau sabem esses dois cidadãos de classe média-alta que o PT não é um partido político comum, pois seus membros são soldados de uma causa que não admite interrupções ou intervalos de qualquer tipo. Os petistas não são políticos ocasionais, ora! Eles são políticos profissionais, isto é, vivem de fazer política em prol do PT.

É impressionante não apenas a memória curta, mas também, e muito mais, a ingenuidade do eleitorado brasileiro, inclusive, como se pode constatar, das classes mais altas da sociedade.

Um bispo brasileiro à moda antiga

D. Eugênio: "Bandido não deve ser tratado como cidadão"

Ex-arcebispo do Rio, que completa 90 anos, diz ser possível haver entendimento com evangélicos, "mas não com todos"

D. Eugênio Sales:
FOLHA DE S. PAULO

Sábado, quando a Catedral Metropolitana do Rio abrir as portas para uma missa em homenagem aos 90 anos do cardeal Eugenio de Araújo Sales, os fiéis vão encontrar uma pessoa diferente da que comandou a Arquidiocese do Rio por 30 anos (de 1971 a 2001).

O homem sisudo, de voz e passos firmes, deu lugar a um senhor que caminha com dificuldade, fala baixo e ri.

Suas ideias, contudo, não mudaram. Diz que bandido deve ser tratado como bandido, não como cidadão.

Incomodava ser chamado de tradicionalista enquanto, durante a ditadura, o sr. ajudou entre 4.000 e 5.000 perseguidos políticos a sair do país?

Eu não achava bom ser chamado de tradicionalista. Mas continuava meu trabalho da mesma forma.

O sr. ligou mesmo para o então ministro do Exército, general Sylvio Frota [ministro do presidente Ernesto Geisel, de 1974 a 1977], e disse: "Se receber a comunicação que estou protegendo comunistas no Palácio [São Joaquim, sede da arquidiocese], saiba que é verdade"?

Disse, mas não para agredir. Estava revelando amizade, mas independência também. Não houve reação negativa dele. Uma vez fui chamado para receber a Medalha do Pacificador [concedida pelo Exército], mas não quis porque a situação era muito difícil. Frota entendeu que não fazia aquilo como afronta. Eles sabiam que eu não era comunista.

Hoje temos a questão da violência, do tráfico. Qual o papel da igreja nesse cenário?

O mesmo daquela época. Por mais de uma vez bandidos armados pararam meu carro quando eu subia para o Sumaré [região do alto da floresta da Tijuca]. Quando viram que eu estava no carro, mandaram seguir. Depois disso, sempre passo com as luzes internas acessas.
É sempre um susto. Eles conhecem o carro e procuram esconder armas. Entendo o sofrimento deles, mas isso não justifica seus atos.
Bandidos têm que ser tratados como bandidos, não como cidadãos. Bandido tem direitos humanos. Não tem direito de ser bandido, mas não pode ser injustiçado.

A seguir, meus comentários:

Hoje em dia, são pouquíssimas as autoridades da Igreja Católica brasileira que batem de frente com os bandidos, colocando-os no seu devido lugar. D. Eugênio é um bispo à moda antiga, que rejeita com veemência o relativismo moral que faz com que os bandidos e os cidadãos decentes sejam todos nivelados, sendo que muitas vezes os bandidos acabam tendo mais direitos do que os cidadãos de bem. O arcebispo é uma voz corajosa dentro do Clero brasileiro, pois, como já disse, rejeita o relativismo moral imposto pela Teologia da Libertação.

Obs.: durante a ditadura militar, D. Eugênio ajudou cerca de 5 mil perseguidos políticos a sair do Brasil. Pois bem, até aí, nada demais, pois ele cumpriu o seu papel de sacerdote. Porém, você acha que se a situação fosse contrária, isto é, se o Brasil tivesse vivido sob uma ditadura comunista, alguma autoridade ajudaria os perseguidos políticos, inimigos do comunismo, a sair do Brasil? Claro que não, não é mesmo? E sabe por quê? Por que existe uma diferença ontológica entre os comunistas e as pessoas normais, pois nós, isto é, as pessoas normais, temos caráter e sentimos compaixão, remorso, além de estabelecermos limites para as transgressões que possamos vir a cometer.