quarta-feira, novembro 28, 2007

Democracia cubana?

Agora há pouco, me lembrei de um fato verdadeiramente fecal: no comecinho desse ano, a TV da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo transmitiu um programa sobre a "democracia cubana". Havia no estúdio, além do apresentador, um agente cubano, um deputado do PT, um do PCdoB e um do PSDB. O agente cubano falou, num portunhol tolerável, sobre o modelo cubano, o qual, segundo ele, é avançadíssimo, pois "superou" a divisão dos 3 poderes. Lá, disse ele, não há divisão entre Executivo, Legislativo e Judiciário, mas apenas o Parlamento Revolucionário, cujo único partido é o PCC - Partido Comunista Cubano.

Porém, como pode haver democracia sem a tripartição dos poderes do Estado? Se o Judiciário não é independente do governo, não há julgamento imparcial. Se o Parlamento não é independente do governo, não há autonomia legislativa. E pior: se o Parlamento só tem um partido, ele não tem nem porque existir, pois assim só o governo tem voz; não há oposição.

Além de tudo isso, como um país pode ser uma democracia de fato se ele tem o mesmo presidente há 48 anos? Democracia sem rodízio de poder não existe. A temporariedade dos mandatos é fundamental.

Quem é esse agente cubano para vir ao Brasil ditar regras sobre como se faz uma democracia? Eu até entendo a presença de deputados do PT e do PCdoB, que são partidos-membros do Foro de São Paulo, cujo grande guru é Fidel Castro. O que eu não entendo é a presença de um tucano! Que eu saiba, o PSDB não é um partido-membro do Foro de São Paulo; assim sendo, eu não consigo entender porque o tucanato se esforça obstinadamente para acobertar as atividades e até mesmo a existência do Foro.

O ambiente de demência nacional é tão grande que a grande maioria dos brasileiros acha que o PSDB é um partido "reacionário". A bem da verdade, um país em que quase todo mundo acredita piamente que um partido social-democrata é conservador, direitista e até elitista é, como diria Fausto Silva, um país de outro mundo.

A demência nacional também pode ser facilmente detectada quando se percebe que as referências institucionais estão distorcidas a tal ponto que muitos brasileiros acreditam piamente que os Estados Unidos são uma democracia de araque e que o "modelo cubano" é uma "alternativa democrática" interessante a ser imitada. Pelo que me parece, poucos povos são tão anti-americanos quanto o povo brasileiro. O nível de anti-americanismo do nosso povo é facilmente comparável a uma assembléia de aiatolás. E o Irã ainda está melhor do que nós, pois lá o governo é anti-americano, mas nada garante que o povo também seja, pois os cidadãos iranianos, devido à violentíssima ditadura que assola o país desde 1979, são obrigados a imitar os governantes. Logo, nada garante que o povo iraniano seja realmente assim.

Se os Estados Unidos são uma pseudo-democracia, aí, vale tudo, mesmo. Até a "democracia cubana" pode ser considerada um modelo impecável.

2 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, Sérgio. Eu acho que sei responder a sua dúvida sobre o posicionamento do PSDB. É que, na verdade mais verdadeira, ele NUNCA foi oposição ao petralhismo. É apenas um zagueirão. Como dizia minha avó: O que parece estar errado é porque é errado mesmo, e num fresqueia, moleque!

Abração reaça do lado de cá!

Salomão

Anônimo disse...

Sérgio,
Informo que existem médicos cubanos trabalhando nas favelas e que sob ordem do tráfico eles não podem ser transferidos de forma alguma.Seriam o contato com as Farc e Fidel ?