terça-feira, outubro 03, 2006

Os partidos menores e a cláusula de barreira

Nas democracias modernas, existem 2 sistemas partidários: o bipartidarismo e o pluripartidarismo. Ambos possuem defensores e detratores ferrenhos, além, é claro, de uma grande massa de desinformados. Entre os desinformados, o povo brasileiro merece atenção especial, pois nós não apenas não sabemos votar como também não sabemos o que queremos. Digo isto porque quando o Brasil possuía, por força de lei, apenas 2 partidos, o povo clamava pelo pluripartidarismo; agora que temos 29 partidos, tendo quase batido na casa das 3 dezenas de legendas, o povo reclama que há partidos demais e clama pela volta do bipartidarismo.

O pluripartidarismo brasileiro é uma piada de mau gosto. Trata-se de um dos pluripartidarismos mais caóticos da Via Láctea. Uma das principais características do nosso pluripartidarismo foi, ao longo dos anos, o crescimento quantitativo, e não qualitativo, dos partidos. Das 29 legendas hoje existentes, apenas 4 partidos podem ser considerados grandes de fato: PT, PSDB, PMDB e PFL. O resto são partidos médios ou pequenos.

Alguns partidos menores, tanto médios quanto pequenos, estão negociando fusões, as quais, como eu já disse em 1o. de março, acabarão por criar verdadeiros PMDBs de médio-porte, isto é, "balaios de gatos" sem a menor coesão, heterogêneos, rachados em alas antagônicas.

Porém, um detalhe com o qual eu não havia atinado até hoje é o fato de que é muito mais provável que haja, em vez de fusões de legendas, uma migração massiva de políticos para os 4 partidos majoritários, principalmente para o PMDB, por razões históricas, uma vez que desde a sua criação, em 1966, o então MDB reunia políticos que, em sua grande maioria, tinham em comum apenas e tão-somente a luta contra a ditadura militar, cujo partido situacionista era a Aliança Renovadora Nacional, mais conhecida como Arena. O MDB sempre foi uma legenda "ecumênica" em termos ideológicos, pois lá dentro havia - e há - de tudo, isto é, políticos das mais diferentes linhas políticas e escolas ideológicas. Traduzindo o que estou falando para uma linguagem mais prática, quero dizer que o PMDB, desde os tempos do MDB, congrega políticos de todo o espectro ideológico, isto é, algo como admitir, nas suas fileiras, de Heloísa Helena a Enéas Carneiro.

Voltando ao cerne do artigo, a cláusula de barreira não vai, pelo menos a priori, matar partido algum, apesar de que, a posteriori, para os partidos menores que não se fundirem, ela representará não um fuzilamento, mas um tiro na barriga...

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